Zerinho: nunca é tarde para homenagear um amigo

A minha vontade de fazer uma justa homenagem ao meu amigo José Nello Zerinho Rodrigues, aguardava tão somente um motivo que ensejasse a ocasião. Pois bem, pensei na data de seu natalício, imaginei que por ser tão próximo do fim  do ano deveria acontecer agora em novembro, ledo engano! No entanto,  pensei, nunca é tarde para homenagear um amigo e quando me dei conta de  seu aniversário devido às muitas lutas e preocupações do cotidiano,  passei batido, foi quando vi no calendário a data – 22 de outubro, que  neste ano caiu num dia de sábado. Como outubro e novembro estão próximos  não houve resistência que me fizesse desistir da ideia.

Uma volta ao passado me faz  lembrar os idos dos anos 70 do século passado. O meu trabalho como  profissional da comunicação era dirigir o Lord Amplificador, único veículo de informação pública na minha cidade. Em determinado dia fui  procurado lá mesmo no estúdio do meu serviço de Alto Falantes, por dois  cidadãos que se apresentaram como titulares da Empresa de Transportes  Marajó (Transportadora de fretes de cargas e congêneres), José Nello  Zerinho Rodrigues e seu sócio conhecido por seu Borba, mais tarde este  último desvinculou-se da empresa tendo Zerinho comprado a sua parte.

Estavam à procura de uma pessoa  para assumir a gerência da Marajó em Pombal, que tinha a sua matriz em  Cajazeiras na Paraíba e filial em São Paulo. Disseram que haviam  percorrido o comércio local, indagando dos comerciantes, quem poderia  gerir esse trabalho para eles na cidade, tendo sido apontado o meu nome  para executar essa tarefa. Havendo acertado os por menores do meu  trabalho, passei a gerenciar a Marajó em Pombal ao mesmo tempo em que  foi montado um escritório com depósito para abrigar os produtos  transportados até Pombal, ponto de entrega das mercadorias, quando a  distribuição não se dava direto dos caminhões transportadores.

Nesse entrosamento de patrão e  empregado fui aos poucos conhecendo quem era José Nello Zerinho  Rodrigues. Muitas vezes ele chegava a Pombal e me chamava para viajar em  sua companhia no seu carro, um corcel de cor cinza, para outras  cidades, até mesmo indo a outro Estado, como o Rio Grande do Norte, onde  se fazia as cobranças dos fretes em áreas que não pertenciam a minha  jurisdição. Eu levava em conta essas viagens como um passeio, no  entanto, ao regressar a Pombal, além de haver pago as despesas de almoço  ou jantar, ele fazia questão de me pagar à porcentagem do valor dos  fretes recebidos.

Depois de alguns anos em face da  prosperidade da Marajó com aquisições de caminhões e carretas, o  armazenamento e distribuição para entrega de seus fretes em Pombal  passaram a ser centralizados na matriz em Cajazeiras, razão pela qual a  gerência de Pombal foi desativada, mesmo assim, isso não foi motivo para  que a nossa amizade fosse desfeita. Pelo contrário, sempre nas diversas  ocasiões que me encontrava aqui ou em Cajazeiras com Zerinho, ele me  dizia: “Clemildo, em Cajazeiras você tem um amigo” demonstrando nessas palavras, a amizade que ele nutria e nutre por mim  até hoje e que também de minha parte considero a recíproca é verdadeira.

No final do ano de 1992 como só  havia duas emissoras em Pombal, meu ciclo de mercado de trabalho aqui  tinha se encerrado, embora que, naquela ocasião ainda gozando saúde e  com disposição para o trabalho, não tive alternativa, fui a Cajazeiras  em busca de emprego pensando nas palavras tantas vezes repetidas do meu  amigo Zerinho.

José Nello Zerinho Rodrigues  naquele ano havia sido eleito Prefeito de Cajazeiras e ia assumir a  Prefeitura no dia 1° de janeiro de 1993, tendo já formado sua equipe de  trabalho no mês de dezembro. Ouvi pelas emissoras daquela urbe, que ele  tinha convocado dois radialistas de peso para ocupar cargos importantes  no primeiro escalão, Josival Pereira e Fernando Caldeira, Chefe de  Gabinete e Secretário de Comunicação respectivamente. Pensei então na  emissora que ambos trabalhavam, pois sofreria uma baixa em seus quadros e  certamente precisaria de profissionais para suprir essas ausências.

Raciocinando esses fatos fui a  Cajazeiras em meados de dezembro de 1992, logo cedo do dia, (um  domingo), encontrei-me com o meu amigo em sua residência. Claramente  expliquei que a minha intenção não era emprego público e sim que ele me  apresentasse a um dos proprietários das emissoras da cidade, uma vez que  convocara alguns radialistas para ocupar cargos em sua administração.

Imediatamente Zerinho mandou  chamar o radialista Fernando Caldeira, cunhado do Professor José Antonio  de Albuquerque, Diretor da Rádio Alto Piranhas, e tratou o assunto. Marcamos então encontro com o professor para um dia da semana e assim  fui contratado para trabalhar na Rádio Alto Piranhas de Cajazeiras,  marcada então, a data de 1° de janeiro de 1993 para o início de minhas  atividades. De cara, fui designado pra fazer toda cobertura da posse de  Zerinho, o que prontamente cumpri com minhas obrigações.

Em  Cajazeiras, Particularmente recebi todo apoio logístico de Zerinho e  carrego comigo essa consideração não só de amigo, mas de um pai que tive  naquela cidade. Não me deixava faltar nada, sempre que ia a seu  gabinete para uma entrevista, não se cansava de me indagar, se eu estava  precisando de alguma ajuda. Simples, humilde, solidário, amigo, alegre,  divertido, brincalhão e amoroso, é assim o modo como Zerinho é  conhecido na terra do Padre Rolim. Uma criatura de um barro muito  especial, eterno menino a despeito dos seus setenta e quatro anos de  vida! A ele a minha gratidão!

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