Trilhas sonoras (parte 1)

Em um filme, tão importante quanto o aspecto visual, originalmente conhecido como écran, é a sua “banda sonora”, conhecida como trilha sonora (soundtrack). Tanto é que, em inúmeros casos, a lembrança da música que “enfeita” ou complementa o enredo do que se passa na tela, gruda no ouvido, fazendo-nos, muitas vezes, a desvincular uma coisa da outra.

Um ligeiro passeio pelos anos 20 do século/milênio passado conduz-nos aos irmãos Lumière – Auguste Marie Louis Nicholas Lumière (1862-1954) e Louis Jean Lumière (1864-1948) – que assumiram os estudos/trabalhos dos ancestrais deles – avô e pai que já vinham se envolvendo com uma tal de “lanterna mágica”, que deu origem, primeiramente, ao que os irmãos chamaram de “lucifone” (1903). Desde aí, já buscavam unir imagem e som, chegando a incorporar “barulhos sonoros” (risos, por exemplo) às imagens vistas na tela de projeção. Porém, depois de certas experiências, somente chegaram ao “filme falado” em 1927, como veremos adiante.

Como é sabido pelos aficionados em cinema, os cinéfilos de hoje, a chamada 7a. Arte, como a temos hoje, teve o seu début, com a primeira exibição cinematográfica ocorrida em 28 de dezembro de 1895, na cidade de Lyon, na França. Ali, se exibiu, no Cine Éden, um filme/registro de cunho documental Arrivé d’um train em gare à la Ciotat/Chegada de um trem à cidade de Ciotat, película com menos de um minuto de duração. Estava, oficialmente, criado o que os franceses chamaram de cinématographe.

No princípio, eram somente imagens, depois veio o som incorporado às películas. Dessa primeira fase – o chamado período do “cinema mudo” – três nomes nos são familiares: Buster Keaton e Douglas Fairbanks (USA) e Charlies Chaplin que, embora britânico, se consagrou para o mundo quando emigrou para os Estados Unidos. Mas, aí, já será outra história.

Por enquanto, registre-se, como introdução, a época em que as projeções contavam com uma espécie de “música ao vivo”. Explico-me melhor: as exibições de filmes mudos contavam, quase sempre, com um pianista ou até com um conjunto de músicos, ao vivo, que selecionavam um repertório condizente com a atmosfera do que a tela mostrava, buscando transmitir aos espectadores as emoções exibidas.

Daí para a sonorização das películas era uma questão de tempo e de evolução de tecnologias. Surgem, então, as incipientes trilhas sonoras que, em princípio, eram trabalhadas a partir de conceituações ditadas pelos próprios cineastas, que buscavam transmitir ao público espectador emoções mais intensas, conforme se tratasse de filmes de ação, de suspense ou de ações dramáticas, por exemplo.

A grande novidade sonora somente veio a aparecer quando se conseguiu sincronizar os diálogos com a expressão dos personagens, já na década de 20. O grande salto ocorre em 1927, com o lançamento do filme The Jazz Singer/O Cantor de Jazz), que apresentou ao mundo a figura ímpar de Al Jolson, de ascendência judaica, misto de ator e cantor “americano”, nome artístico de Asa Yoelson (Lituânia/1886-San Francisco/1950). Aliás, a título de informação, dois fatos merecem destaque: 1º) o filme foi um dos primeiros a receber o ambicionado Oscar, que foi dividido com o imortal Charles Chaplin, por seu filme The Circus/O Circo (1928); 2º) do filme The Jazz Singer, foi produzido um remake (1980), com o cantor pop Neil Diamond, no papel central, antes interpretado por Al Jolson.

O próximo passo foi a “criação” das trilhas sonoras, as soundtracks, que abriu o mercado cinematográfico para conhecidos compositores que eram/são contratados para a composição de temas musicais que sejam condizentes com a ambientação e o enredo de cada filme.

Surgem, então, as trilhas sonoras como as conhecemos hoje.

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