Sousa Bandeira, o Gavião da Cachoeira

Não dava para acreditar. A notícia caiu como um bomba devastadora na redação da Rádio Alto Piranhas: Dr. Sousa Bandeira morreu. Os telefones não pararam mais de tocar. Da cidade de Campina Grande chegava a confirmação: no Km 162 da Br 230, na alça sudoeste, ou no contorno desta cidade, a camioneta S 10 em que viajava com destino à capital do Estado havia capotado três vezes e o mesmo havia falecido no local do acidente. O seu motorista estava vivo.

Sousa Bandeira era médico, formado pela Universidade Federal da Paraíba, turma de 1970. Nasceu no Sítio Boa Fé, no dia 16 de novembro de 1937. De seus pais José de Sousa Teixeira e Josefa Bandeira de Sousa herdou a vocação de agropecuarista.

Casou-se com Dona Alzira Leite Rolim no dia 23 de outubro de 1971, logo depois que formou-se em medicina e desta união nasceu sua única filha, acadêmica de medicina, no Rio de Janeiro, Surama Leite Rolim Bandeira.

No ano de 1976 ingressa na política e se candidata a prefeito de sua cidade natal Cachoeira dos Índios, tendo como opositor o senhor Gabriel Lucindo Filho, conhecido como Bié. Foi nesta campanha que ganhou o célebre apelido de “Gavião”, em oposição ao seu concorrente que era conhecido como Bentivi. Foi eleito apenas com 85 votos de diferença, numa disputada campanha eleitoral. Teve o mandato prorrogado por mais dois anos e administrou Cachoeira até 1982.

Tomou gosto pela política partidária. Em 1988, volta a concorrer a prefeitura e enfrentou o seu mais renhido concorrente: Zuca Moreira, numa célebre disputa. Saiu mais uma vez vitorioso. Recebeu 2014 votos contra 1564 de Dr. Zuca Moreira. Em 1996 se candidata novamente e pela terceira vez é eleito prefeito de sua cidade. Em 2000, como por lei tinha direito a concorrer a reeleição, se candidata e é eleito para o seu quarto mandato.

Já havia celebrado um acordo com seu vice-prefeito e ex-prefeito de Cachoeira (1992-1996) Chico de Lino, mas a no dia 15 de junho de 2003, na Serra de Monte Horebe, morreu também tragicamente de um acidente automobilístico, deixando Cachoeira dos Índios enlutada e sem seu grande líder.

Passados nove meses e quinze dias, da tragédia da Serra de Monte Horebe, a outra tragédia de outra serra, a da Borborema, deixa toda comunidade sertaneja de luto e coberta de tristeza.

Ao longo de seus 17 anos e três meses de mandato, 6.210 dias, não se tem notícia de uma única denúncia de corrupção e de má condução dos negócios públicos. Era um político respeitado, honrado, digno e honesto. Um cidadão que é conduzido pelo voto do povo quatro vezes para ser seu mandatário municipal, já traduz muito bem a sua conduta e o seu procedimento.

Como médico, não sem tem notícia de um erro, de um mau atendimento. Como cidadão não se registra nada, absolutamente nada que desabone a sua conduta.

Sousa Bandeira era um grande orador. Por mais de uma vez tive oportunidade de ouvi-lo. Tanto nos palanques eleitorais ou em solenidades arrancava aplausos com sua oratória de poeta. Sabia construir belas frases.

Cachoeira dos Índios perde em apenas nove meses seus dois maiores líderes. Os que ficam vão ter que suar muito para galgar as posições antes conquistadas por Sousa e Chico de Lino.

Sousa Bandeira tinha uma grande colaboradora na sua vida de homem público: Alzira. A esposa dedicada e de um coração imenso para os seus munícipes. Tinha também em seu coração uma grande esperança e um outro grande amor: sua filha Suruma, que este ano conclui seu curso de medicina.

Sousa tinha um outro grande projeto de vida: a sua fazenda “Pitombeira” já estava preparada para o descanso do “guerreiro”. Tudo ficou num sonho. Sonho que desapareceu nos altos dos contrafortes da Serra da Borborema. Do alto da serra da Rainha da Borborema, Sousa Bandeira, foi ao encontro da Rainha do Céu: a Virgem Maria.

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