O universo de saudade, nos faz com que possamos criar um mundo virtual, onde buscamos resumir o passado apenas as coisas que nos fizeram felizes.
Eu gosto de flutuar no antes, de buscar coisas que mexeram com meus passos, com meus sonhos e descreveram a trajetória de minha vida.
A alegria de rever retratos, de sonhar com sonhos que encantaram as minhas musicas e as minhas verdadeiras paisagens dos tempos que não se reciclam.
Com certeza eu voltaria mesmo não tendo a noção do que pudesse acontecer, pois dizem que o raio não cai duas vezes no mesmo lugar, mas voltaria para rever a terra que me viu gerar e correr como criança pelos sofridos campos do lugar.
Iria encontrar os meus amigos, aqueles que sofreram a desgraça do álcool e faria o possível para evitar que ocorresse esta repetição, de uma miséria que é comum nas pequenas cidades que não havia o que fazer.
Iria desfazer a imagem que campeou a minha infância cercada pela molecagem perene, junto a muitos, mas não deixaria de impregnar com mais força o meu desejo de ajudar na dor os que viviam na dor e salvar a medida que podia.
Não queria nunca ter me separado dos meus irmãos que foram a mola mestra dos meus passos, e nem ter perdido contato com minhas professoras que fizeram da minha mão analfabeta o direito a arte de escrever.
Não queria crescer, não queria ser adulto para sofrer o que sofri pelas estradas desta vida , onde as barreiras eram tão difíceis de ultrapassar que muitas das vezes chorei as lágrimas de dor e sentei para desistir.
Agora só me resta contar porque gostaria de voltar; porque tive amigos reais e não virtuais e muitas vezes oportunistas, irmãos que continuam sendo a arte de continuar a viver, pais que foram tudo de bom, e uma família que faz seguir adiante.
