A nova Gestapo, o 1984 revisitado e nossas liberdades individuais

Quando os noticiários em todos os níveis: nacional, local, e até as frequentes chamadas internacionais, apresentavam sobre o impeachment de Dilma, fiquei cheio com aquele tema que onde estivéssemos era o único assunto, como se nossas vidas dependessem somente daquilo, eu radicalizei e fui numa das nossas livrarias escolher algum livro sobre um tema que não tivesse nada com o que eu estava sendo obrigado a assistir e falar. Achei três calhamaços sobre o “Terceiro Reich”, de umas duas mil páginas, com que eu pudesse despoluir minha mente com aqueles fatos, na verdade se não um golpe, uma pantomima de um mal gosto a assolar nosso país, terrível, e assim foi e continua sendo.

Tema interessantíssimo, ainda estou no meio do segundo volume, da coleção, que aborda a consolidação dos nazistas no poder da Alemanha e depois deles terem derrubado a “República de Weimar”, especialmente interessante foram os capítulos em que se analisava a famosa “Gestapo” a polícia secreta da Alemanha de então até hoje sinistramente famosa. Mas o que tem isso a ver com nossa sociedade curraleira e paroquial? O leitor pode perguntar; infelizmente muita coisa, era que naquele tempo obscuro, e bote obscuro nisso, havia no cidadão alemão comum, a sensação de que a Gestapo os estava espionando em todos os lugares, cito a obra: “as pessoas logo começaram a suspeitar que houvessem agentes em cada pub e clube, espiões em cada local de trabalho e fábrica, informantes esgueirando-se em cada ônibus e bonde e parados em cada esquina”. Mas, caro leitor, você poderia perguntar, mas o que nós aqui nas Cajazeiras, perto de onde Judas perdeu as botas, deveríamos nos preocupar com esses fatos ocorridos do outro lado do Atlântico há mais de 70 anos? Eu diria que temos, pois hoje, com a globalização e principalmente com o advento da WEB, essa teia internacional de informações que paira sobre nosso mundo e estamos em contato com ela cada vez mais.

Decerto, que alguém que nunca teve em contato direto com a “rede”, possivelmente algum eremita, ou alguns velhinhos que vivem “socados” em algum cafundó e avessos a todo tipo de inovação/novidade, pode não estar vivenciando o que apresento, mas eu, por exemplo, que tenho uma atividade medianamente em contato com a internet, tenho certeza absoluta, de que quase todos os meus dados, tipo, minhas preferências, e meus pecados, e até minha marca de desodorante, sabonete e até a marca de papel higiênico que uso, deve estar escondido nos gigabytes desses, googles, facebooks imagino que lá pelo Vale do Silício na Califórnia eles sabem de tudo sobre minha pessoa. Qualquer um que possua um chip de celular em seu nome (eu tenho uns três) eles podem saber onde você está a qualquer hora, aquele negócio que o Presidente Obama disse: “The United Stataes is not wirig ordinary people” (os Estado Unidos não estão grampeando pessoas comuns), era pura mentira, os USA, o Brasil, e principalmente outras organizações estão querendo saber de mim, de você, e de todo mundo, e é irreversível.

Tudo bem quando é o caso de corrupção, crime e congêneres, mas e os direitos individuais de cada pessoa, estão sendo violados? A resposta é sim, e talvez mais do que você possa imaginar.  Agora o que explanei o que tem a ver com o título dessa matéria? Era que no tempo da Alemanha nazista, a famosa Gestapo, tinha muito poucos funcionários; em Hamburgo, por exemplo, tinham menos de 300 agentes, mas dispunham, mesmo com os meios rudimentares da época, o controle de quase toda sociedade alemã, tinham membros do partido, uns tais de supervisores de quarteirão e, principalmente contavam com os informantes não remunerados” – os fofoqueiros que estão de plantão lá aqui, e sempre vão estar, e organizadamente trabalhavam aquela quantidade de informações e tomavam providências nos casos de confirmações reiteradas. A IBM naquele tempo, contribuiu com a criação dos holerites, com que se checavam essas informações. Tinha lá até uma tal “Lei do mexerico malicioso” que punia severamente qualquer comentário piada ou ironia proferida contra o Reich ou o Führer. Devia e era viver no inferno.

Imagina nos dias de hoje, se e quando esse universo extraordinário de informações caírem; e na minha concepção é apenas uma questão de tempo (se não já caíram), em mãos erradas, a gente, ou a sociedade como um todo, vai ser obrigado a viver permanentemente num enoorme Big Brother, como no livro “1984” de George Orwell, em que toda sociedade era incessantemente vigiada, e a famosa frase: “Big Brother is watching you” (O grande irmão está lhe vendo) e toda a sociedade dessa obra era dirigida por entes “superiores” e quem se desviasse um pouco que fosse era punido. e todos nós obedecendo ordens de origem desconhecida.

Aquela coisa, quando é com os outros, tudo bem, a natureza humana é perversa, a gente mesmo que negue temos aquele prazer sádico de ver o outro se dando mal, ou de controlar gente, mas quando vem p’ro nosso lado,  a coisa complica, e a gente não acha nada bom.

Fico.

P.S. – Ofereço essas mal traçadas ao último e mais maravilhoso garçom da velha geração, o popular Corrozinho, que infelizmente teve de nos deixar. Fica a lembrança e a saudade.

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