Curador volta a clamar por espaço para expor acervo do Museu do Futebol de Cajazeiras

Não é mais novidade que o acervo futebolístico pessoal do professor Reudesman Lopes em Cajazeiras, no Sertão paraibano, é um dos maiores do Brasil. São 894 peças catalogadas em 38 itens, entre camisas históricas, fotografias raras, troféus e centenas de outros objetos que contam a rica história do futebol, não só de Cajazeiras, mas também da Paraíba e do Brasil. “Eu estava fazendo a catalogação e em alguns momentos eu cheguei a chorar quando notei a grandiosidade que é esse museu”, disse o professor.

Mas, infelizmente, também não é novidade que o sonho de Reudesman em instalar uma sede própria do Museu do Futebol de Cajazeiras vem sendo desprezado pela iniciativa pública. Em termos financeiros, ele nem precisa de tanto aporte para realizar esse sonho. Tudo que o professor quer é um imóvel com tamanho e estrutura que possibilite expor os itens com segurança e que os visitantes tenham conforto. Mesmo assim, a Prefeitura de Cajazeiras pouco fez ao longo dos anos para ajudar. Recentemente, surgiu uma esperança vinda da iniciativa privada. As reitoras do Centro Universitário Santa Maria (UNIFSM), Ana Goldfarb e Sheylla Lacerda, garantiram que vão financiar a construção da sede do Museu do Futebol de Cajazeiras dentro do Estádio Municipal Higino Pires Ferreira, o berço do futebol local. Enquanto isso não acontece, Reudesman segue fazendo um apelo para ter, ao menos, uma casa onde o museu possa ser provisório.

Por que não ficou no Casarão?

Em 2018, após uma exposição sobre os 70 anos do Atlético-PB, o acervo futebolístico de Reudesman Lopes chegou a ocupar sete salas no Museu de Cajazeiras, que fica no casarão da Secretaria Municipal de Cultura, na Rua Epifânio Sobreira. Porém, segundo ele, o acervo não pôde mais permanecer lá porque, gradativamente, a coordenação do Museu foi reduzindo o número de salas disponíveis, até que o prefeito disse que só poderia liberar duas salas. Foi aí que Reudesman recolheu os itens e voltou para casa.

Entre as relíquias do acervo, destacam-se uma camisa da seleção brasileira autografada por Pelé, uma camisa do Flamengo autografada por Zico, itens do Memorial de Perpétuo Correia Lima e a única fotografia do Pitaguares Futebol Clube, primeiro clube de futebol fundado em Cajazeiras, em 1923. Essa é a peça mais antiga do acervo.

Em 2015, Reudesman lançou o livro “História do Futebol de Cajazeiras“, com quase 700 páginas, resultado de uma pesquisa que durou cerca de 12 anos, durante os quais o professor recolheu dezenas de itens raros doados por pessoas que foram entrevistadas. O livro é uma das mais detalhadas pesquisas sobre futebol já feitas na Paraíba. Mas ele pretende lançar outro em 2023 sobre os 100 anos do futebol de Cajazeiras. Para isso, segue na busca por patrocínio.

“Isso não pode estar aqui guardado na minha casa, isso tem que estar sendo visto, isso aqui tem história. Alunos foram fazer trabalho lá no museu, no casarão antigo; aluno do curso de História fez a monografia em cima da história do futebol de Cajazeiras. Então, como cajazeirense, eu me sinto muito angustiado e decepcionado. Como nós somos a terra da cultura se nós temos tudo isso aqui guardado em ter aonde colocar?”, disse o professor, emocionado, ao Diário do Sertão.

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