Vinte e cinco anos sem Dr. Waldemar

Tenho a imensa honra de ser filho de uma das maiores personalidades que nossa terra já gerou, Dr. Waldemar Pires Ferreira, grande médico, e daqueles para quem a Medicina era um apostolado, e não uma fonte de lucros.

Formado na mais conceituada faculdade de medicina do nosso país, aluno de Miguel Couto, que é o nome do maior hospital de referência do Rio de Janeiro, Doutorado com tese tão elogiada que foi publicada pelo governo do Estado da Paraíba, que versava sobre a tuberculose (naqueles tempos doença que era quase uma sentença de morte), teve muitos chamamentos para permanecer na então Capital Federal, a exemplo de muitos grandes homens, e cito, sem querer fazer comparações a Padre Rolim, resolveu tomar sua cruz e vir atender a seu povo tão carente de médicos. E ainda mais de um com doutorado.

E era completamente avesso a cobrar com consulta, achava que tratar os pacientes era uma missão, não uma forma de ganhar dinheiro, o importante para ele era atender a quem o procuravam para tratar seus males.

Menos festejado do que minha mãe, Ica, mas segundo Mons. Gervásio, de um trabalho mais importante para nossa comunidade carente. Quando se formou, foi antes dos antibióticos, e ele dizia que naqueles tempos o médico era mais um expectador e um cidadão que intervinha na saúde dos pacientes, mas mesmo assim, ele dava o melhor de si.

Ele era funcionário do SAMDU, que depois foi INPS, e dava plantões de 24 horas. Às quatro da manhã, já se formava fila para ser atendido por ele, mas não era do jeito que se fazem hoje, que seria perguntar ao paciente o que ele estava sentindo e se fosse o caso, requerer vários exames, como hoje é a prática normal, apesar disso, ele conseguiu fazer ele mesmo um pequeno laboratório, que fazia vários exames.

Não cobrava consulta, mas se o cliente colocava dinheiro no bolso dele, ele mandava a atendente devolver. Se fosse muito pobre o paciente, ele via se havia amostras grátis, e se não, dava o dinheiro para o paciente comprar o remédio.

Não era muito afeito à religiosidade, mas se alguém cumpriu seguiu os ensinamentos de Jesus, certamente ele estava entre os mais devotados.

Esse grande homem nos deixou no dia 20 de outubro de 1996. E seu filho, apesar de se sentir um pigmeu, frente à sua grandiosidade e obra, tem o dever de prestar esta homenagem a essa grande figura humana que há um quarto de século nos deixou.

Se existe céu, Dr. Waldemar apesar de todas as fraquezas humanas que todos nós temos, deve estar entre os eleitos. Não fazia a religiosidade como muitos fazem até com uma certa hipocrisia, mas fazia a missão que Cristo nos ensinou.

Fica a homenagem de seu filho indigno.

Nada a mais que a minha obrigação.

P.S. Dedico a todos os colegas de meu pai, e vou citar meu melhor amigo e irmão por afinidade, Sabino Filho, que filho de Dr. Sabino Rolim Guimarães, também merece todas as nossas homenagens.

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