Socialismo Cristão: Grêmio Artístico Cajazeirense

Em situação paralela à instalação do Círculo Operário de Cajazeiras e por razões semelhantes, o Grêmio Artístico Cajazeirense também foi fundado em igual época, tendo, oficialmente como data de sua instalação o dia 5 de junho de 1925, funcionando como uma entidade operária beneficente. Pode-se até dizer que era uma espécie de sucursal do Círculo Operário “rezando pela mesma cartilha” quanto aos seus objetivos e ideais.

Sua fundação é atribuída ao conhecido Mestre Enéas, um alfaiate que, comenta-se, estava alguns anos adiante do seu tempo. Era um entusiasta dos ideais socialistas que grassavam pelo mundo. Dentre os objetivos do Grêmio, havia a preocupação em preservar o bem-estar dos associados, proporcionando à família dos trabalhadores educação escolar e social, inclusive oferecendo-lhe, dentro de suas limitações, medidas de assistência e de ajuda financeira em caso de doenças.

Faziam parte do seu corpo de associados trabalhadores de diversas categorias: alfaiates, carpinteiros, mestres de obras, guarda-livros e atividades semelhantes. É sabido que as atividades do Grêmio possibilitaram o acesso de trabalhadores da época a uma melhor aprendizagem sobre as suas atividades laborais e a importância que eles assumiam perante a sociedade, inclusive promovendo a qualificação da mão de obra comercial, através da promoção de cursos teóricos e práticos das várias atividades de que a cidade necessitava.

REUNIÃO DOMINICAL DOS ASSOCIADOS DO GRÊMIO, COM TRABALHADORES DA CONSTRUÇÃO CIVIL, EM 1963, DESTACANDO-SE, ENTRE OUTROS, TIMÓTEO (PINTOR), NUMERIANO (MESTRE DE OBRAS) E JOAQUIM FEITOSA (ARTESÃO: MARCENEIRO/CARPINTEIRO)

Em reuniões matinais, sempre aos domingos, ali eram debatidos e discutidos os objetivos e ideais trabalhistas. Aliás, consta que, dentre outras reivindicações patrocinadas pelo Grêmio em consonância com a Associação dos Trabalhadores do Comércio, o comércio cajazeirense passou a proporcionar aos seus empregados o feriado dominical, pois, até ali, todo o comércio do centro da cidade também “abria” aos finais de semana.

Tentando fazer um paralelo com entidades nacionais de hoje, pode-se dizer que enquanto o Círculo Operário buscava proporcionar uma promoção social do trabalhador, como a entidade SESC faz hoje, o Grêmio fazia um trabalho de aperfeiçoamento e qualificação da mão de obra comercial, como o faz hoje o SENAC. Vale, então, dizer que as duas associações se completam na promoção de assistência aos anseios dos seus associados.

Orgulho-me de haver sido aluno do chamado Grêmio Artístico Pedro Américo, adeso ao Grêmio Artístico Cajazeirense, de cujo quadro de associados o meu pai fazia parte, como mestre de obras, como também o era como membro efetivo do Circulo Operário de Cajazeiras.

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