De Política e de Medicina

Não vou me arvorar de possuir domínio sobre o assunto… Este fica mais bem explorado na Coluna Opinião, do nosso confrade Frassales, que ocupa outra página deste periódico citadino. Mas é que me não posso omitir de tentar mostrar a “coincidência” que existe, em nossa terra ou alhures, na grande avalancha de “homens de roupa branca” que enveredaram pelo campo da atividade política.

Aliás, já solicitei aconselhamento e permissão ao meu amigo Dr. Abdiel para tratar do assunto, com o cuidado de não ferir sensibilidades e, muito menos, de fazer proselitismo político. Afinal, alguns deles já foram meus alunos e conheço-os de há muito tempo e sei bem dos seus caracteres e de suas características de cidadãos de bem, de denodo e de timbre e vocação para os cargos que vêm ocupando ou haviam ocupado em nossa sociedade, visando ao progresso de nossa terra.

É que aqui nasceram ou daqui fizeram o seu berço adotivo – os “cajazeirados”. Certamente, viveram agruras, venturas e desventuras, porém, ao que creio, sempre buscando, de uma ou de outa forma, fazer o bem de nossa terra, mesmo porque ninguém quer se perpetuar por meio de coisas ilícitas. Por tratar-se de uma avaliação verdadeiramente subjetiva, não nos cabe, nem a mim nem aos meus leitores, fazer juízo de valor sobre o assunto em pauta.

Mas o fato é que ouvi de alguém muito confiável que um nosso conterrâneo, já cursando o último ano de Medicina, teria dito, ao se lhe perguntarem:

– Por que você resolveu fazer este curso?

Ao que ele, de pronto, respondeu:

– Ora, faço Medicina porque pretendo, um dia, ser Prefeito!

Ora, digo eu, que lógica bem arquitetada! O fato é que não devemos misturar as coisas e as vocações, mesmo porque “uma coisa é uma coisa, e outra coisa é outra coisa”. Mas, pensando bem, existe uma verdade cristalina nessas nossas conje(c)turas. Afinal, é o médico que se fez político, ou tornou-se o médico político por que a Medicina o conduziu a essa atividade? Que me respondam os senhores! De minha parte, compete-me apenas registrar o tema e questionar-me sobre ele.

Mas não deixa de ser curiosa a coincidência – creio que não só em nossa terra, mas por esses rincões afora. Aliás, não somente médicos, mas também odontólogos (os cirurgiões dentistas, como me falou o Dr. Hermano Meira) se deixam picar pela mosca azul da política. Em Cajazeiras, pelo menos, quantos e quantos que abraçaram as nobres atividades – médicos e dentistas – não se dedicaram à política, quase sempre “dando conta do recado”?

Senão, vejamos: doutores Otacílio Jurema, Prefeito, Senador, Deputado Federal e Estadual, Secretário de Estado; José (Zé) Jurema, médico, esteio político do irmão Otacílio; Chico (Francisco) Barbosa, Vice-prefeito; João Isidro Pereira, médico pediatra, duas vezes Vereador e Presidente da Câmara de Vereadores; Elisa Monte, cirurgiã dentista, e Ferreira Monte, oftalmologista; Dr. Melo, deficiente visual, mas especialista na extração de dentes.

Cristiano Cartaxo, que desistiu do curso de Medicina, formando-se em Farmácia, nosso poeta maior, com serviços prestados à política local; Líbio Brasileiro, odontólogo, que foi prefeito de Umari-CE.; José de Sousa Bandeira, ex-prefeito de Cachoeira dos Índios;  Júlio Bandeira, médico pediatra, sempre envolvido em atividades eleitorais; Epitácio Leite, Vice-prefeito e Prefeito, Deputado Estadual, Secretário de Estado; Vicente Leite; Celso Matos Rolim, que se engajou  nos ideais de Getúlio Vargas (Revolução de Trinta) e foi Deputado Constituinte, em 1934 e Prefeito de Cajazeiras (1937/1940).

Carlos Antônio;  Francisca Denise, bióloga, odontóloga (Ortodontia); Vituriano de Abreu, Prefeito, Deputado Estadual e Federal (por três meses) e Leonid (Leo) Abreu; José Aldemir, Deputado em várias legislaturas; Abdiel de Sousa Rolim, Secretário de Saúde e de Agricultura do Estado, Vereador, Vice-prefeito e Prefeito interino; José Moreira Lustosa, Deputado Federal; Reginaldo Tavares, ex-Vice-prefeito da Capital e homem de partido, escudeiro do irmão Edme Tavares; Sabino, oftalmologista; Inácio Andrade Torres, cirurgião dentista, candidato à vereança.

Cito três amigos – doutores Deusdedit (Detinho),  Iemirton e Iramirton que, embora não hajam desempenhado cargos públicos, exerceram enorme atividade política, em favor dos seus partidários e de nossa terra.

Divagações e especulações podem ser feitas para reavivar a memória. Certamente, muitos outros pertencem ao grupo de “roupa branca” que aqui se dedicaram à política. Assim é que outros tantos, cujos nomes não me vêm à lembrança porque não foram meus contemporâneos, poderão ser lembrados.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Publicações relacionadas
Total
0
Share