As kombis pioneiras do transporte coletivo

DIRCEU GALVÃO

Diga o que quiser dos meninos de Seu Doca, menos que eles não sejam corajosos!  Ali, da Rua Dr. Coelho, em Cajazeiras, sempre apontaram para o resto do mundo e seguiram em frente.

Demar de Doca, por exemplo, já foi retratado, no Sete Candeeiros Cajá, até como vendedor de santo, na feira, e se ‘engasgou’ com uma freguesa que descobriu que ele não sabia quem era São Jorge!

E ela estava certa, afinal ele mostrou pra ela um santo diferente e ela disse, com firmeza, não ser São Jorge, já que não via o cavalo! Demar foi pego na mentira, mas não perdeu o argumento e disse: “- Cavalo? Ora, São Jorge ficou foi rico e comprou um carro!” Acabou a sua carreira de vendedor de santo!

Alguns empreendimentos comerciais, pelo visto, não surtiram o efeito desejado, mas as tentativas e o desejo do sucesso foram bastante evidentes.

Demar de Doca já fez de tudo um bocadinho e tem uma estória que me foi lembrada por Roosevelt Leitão, o nosso Rusinha de Seu Leitão, que hoje vive em Brasília desfrutando de tempo e saúde para parar de trabalhar, mas continua no batente e prestando grandes serviços aos paraibanos, em geral, e aos cajazeirenses, em particular.

Pois bem. Conta-me Roosevelt que, quando a nossa linda Cajazeiras começou a se expandir e formar bairros, lá pelos anos 70, houve um crescimento acelerado para o lado onde hoje se localiza o Campus da UFCG (antigamente, nós chamávamos de Alto Belorizonte, Alto Cabelão, 300 Casas etc.). Ruas foram abertas e a urbanização foi chegando aos poucos. Coisa boa e coisa ruim andam juntas!

Uma coisa ruim era que as pessoas passavam a ‘morar longe’ do centro da cidade. E aí só o gênio da criatividade para pensar na solução do problema. E foi, exatamente, o que ocorreu!

Seu Doca, Demar e Jarismar tiveram a brilhante e oportuna ideia de criar o transporte coletivo na nossa terrinha! Compraram – com alguma dificuldade – duas kombis e começaram a fazer uma linha de transporte urbano: ela ligava o o bairro Belo Horizonte ao centro de Cajazeiras.

O negócio começou de ‘vento em popa’! E o empreendimento ‘dos Doca’ ‘butou’ pra lascar! Se a coisa tivesse dado certo, era serviço pra quebrar a Viação Brasília de Raimundo Ferreira e a Viação Andorinha de João Rodrigues. Juntas!

Só que, logo, os irmãos, Demar e Jarismar, começaram uma discussão sem fim! A ideia era identificar as kombis com uma numeração distintiva. Jarismar de Doca queria, porque queria, que as duas kombis tivessem os números 100 e 200. Demar de Doca achou um absurdo e queria que os números fossem 1 e 2. Só.

As discussões eram acaloradas, porque os meninos de Seu Doca têm bons argumentos. Jarismar gostava dos números cheios e largos (100 e 200), que dessem a impressão de que a nova empresa do ramo de transportes, em Cajazeiras, era grande e forte e Demar só queria os simples (1 e 2). Diante da insistência de Jarismar, Demar deu a sua explicação final para não aceitar 100 e 200:

“- Jarí,  vamos colocar mesmo os números  1 e 2, hômi! Quem é em Cajazeiras que não sabe que eu, pai e você  compramos essa duas kombis velhas e não pagamos ainda nem a primeira prestação? Deixe de besteira, meu irmão!”

Mas a ideia do transporte coletivo urbano de Cajazeiras foi excelente!

DIRCEU GALVÃO É ADVOGADO E PUBLISHER DO BLOG SETE CANDEEIROS CAJÁ

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