WW net 6.8: contato – cajazeiras

Chegamos de madrugada. As estrelas eram poucas e exibiam um brilho fraco. Estava muito quente, quase insuportável para nós.

O primeiro lugar que conhecemos foi um morro. No alto, um monumento branco parecia vigiar a cidade que, naquela quarta-feira, dormia sossegada.

Um homem alto, de olhos acinzentados, disse-nos um “oi” sonolento, deixando escapar um hálito de álcool e de alguma fruta cítrica.

Descemos. Não passamos pela rodoviária para que não encontrássemos parentes ou conhecidos nos ônibus que chegavam.

Avistamos um parque-de-diversões, cujos brinquedos enferrujados davam impressão de bastante uso. Mais adiante, pudemos ver  uma quadra de cimento com uma palco de teto metálico. Resolvemos ficar lá e fazer um lanche com o que trazíamos na mala: supra-ultra-refeição de carbono B-12 com pasta de ervas magmáticas e líquido fotossintético agudo, pílulas acéticas e pluriformes com sal-de-benzina e líquido sônico. Tudo isso foi partilhado com todos nós, em torno de oito. Um quadrúpede que estava conosco, no entanto, comia somente salendre de quinto grau, uma espécie de sândalo barrento que se desenvolve nas margens de um grande reservatório d’água, bem no centro da cidade.

Após a refeição, ligamos o rádio numa freqüência local. “Cinco horas da matina”, afirmava um locutor de voz risonha. Cinco minutos depois, já estávamos longe, além da atmosfera terrestre. Quando atravessamos a constelação de Vênus, pedimos informações a uma das espirais de controle, isto é, a um dos guardas-espaciais. Ele nos disse que já havia visitado a cidade numa época de  inúmeras fogueiras; disse-nos também que as frutas que deram nome a cidade são energéticas, e que deveríamos experimentá-las. Ficamos curiosos, decidimos voltar lá numa festa chamada Carnaval. Os nativos, claro, pensarão que estaremos fantasiados de extraterrestres.

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