Sonhos: oitava parte

Então, fizemos assim: cada um montou no seu cavalo. Fomos juntos, durante semanas, atravessando o deserto. Ninguém sentia sono ou fome. De novo. De novo. Percebi, no entanto, que um dos cavalos estava tentando se comunicar. Paramos. Era um oásis. Não havíamos percebido. Foi o cavalo que tentou nos avisar. Que lugar. Que lugar abençoado. Não havia somente sombra e água fresca. Eram pequeninas comunidades que se emaranhavam nos nossos olhos. Apresentavam-se, mostrando etiquetas; outras, cestos de fruta; outras, orações. Oramos todos, portanto.

Os cavalos desapareceram das nossas vistas e olfatos. Como assim. Não sei. Como assim, não sei. O deserto se fortaleceu com árvores, de todas as formas, de todos os cheiros. Ao mesmo tempo, não entendíamos que eram árvores. Até agora, ao acordar, estou ainda me perguntando se eram árvores mesmo. Apareceu, ao lado, uma imensa carta de tarô: o mago. Como assim, não sei. Sei que era mago pelo figurino e pelo número um, que surgiu na parte de cima. Queríamos todos conversar com ele, mas era uma língua diferente. Não conseguíamos entender. Esperamos. Esperamos. Esperamos, até que o mago se transformou em ar. Não víamos o ar, a não ser pela cor azul que surgiu com ele.

O lugar não parecia mais oásis. Parecia um túnel de pedras semipreciosas. Entramos. Respiramos. Lá dentro, o mago nos conduziu, vestido suntuosamente. Sim. Como um mago, ora. Um grande mago. Não sei como são todos os magos do mundo, mas sei que ele vestia uma túnica meio marrom, meio bege. Um chapéu com pontos prateados. Umas botas pretas e aveludadas. Ele nos conduziu por cada pedra: turmalina, ametista, ágata. Muitas. Uma infinidade. Uma beleza. De repente, começamos a entender o que ele falava. Era uma espécie de segredo revelado. O código se manifestou em outras cores. Mais cores. Ficamos parados, olhando para o Sol. Ficamos ali. Ficamos

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