Passim e o promotor na lanchonete

DIRCEU GALVÃO

Passim Moreira – na última lembrança que guardo dele – era proprietário da lanchonete da rodoviária de Cajazeiras. Na rodoviária antiga e, me parece, depois, na rodoviária nova, também.

Nossas famílias foram vizinhas nos tempos da Rua Souza Assis, na ladeira da chegada ao Tênis Clube. Cresci vendo nossas amizades ao longo do tempo. Com Soel e Solonildo, filhos de Passim, fiz grande amizade. E Solange, outra filha, era muito ligada a Lucinha, minha irmã.

Pois bem. Conta a ‘lêndia’ que Passim Moreira era paciente e de fala mansa, mas firme. O seu dia era ocupado com sua dedicação ao seu negócio na lanchonete. Era aquela estória de abrir de madrugada e fechar tarde da noite o seu comércio. Falava um ‘pouquin’ com cada pessoa que se lhe dirigia a palavra. Tinha sempre uma resposta para cada pergunta!

Certa vez (e por motivos que não precisamos declinar), um promotor de justiça ficou chateado com alguma coisa na lanchonete de Passim. E pegou ar! Só não disse que Passim era santo!

Depois de sua explosão de ira, o promotor fez uma pergunta para fechar com chave de ouro a sua indignação momentânea. Perguntou ao calado proprietário da lanchonete:

“Você sabe que se eu quiser posso fechar sua lanchonete?”

E Passim, calmamente, retrucou:

“Mas é claro que o senhor pode. Ora, eu, que não sou nada, abro e fecho todo dia, quanto mais o senhor, um promotor…! É claro que pode fechar!”

DIRCEU GALVÃO É ADVOGADO E PUBLISHER DO BLOG SETE CANDEEIROS CAJÁ

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