Rômulo Barros de Alencar e outros que se foram

Quando dos tempos da Cajazeiras de minha infância – adolescência, lá pelos anos de 65, 66; havia no Cine Éden aos domingos, uma espécie de concurso de jovens cantores. Não eram grandiosos como os festivais que aconteceriam uma década depois, mais durante algum tempo fazia bastante sucesso, e nosso principal cinema era lotado. Nessas apresentações, uma pessoa se destacava, jovem, magro, e que era uma promessa de grande “crooner”, que quase toda semana levava o prêmio de melhor intérprete. Isso faz tanto tempo que era antes de Roberto Carlos ser chamado o “Rei do Yê-Yê-Yê, apesar de o principal sucesso da época ser “O Calhambeque”,  ele sequer tinha gravado seu primeiro LP, que o tornaria famoso, o nome desse menino prodígio era Rômulo, e seu pai era Seu Nô, que depois o conheceria melhor como vereador.

Tive naquela época uma relação superficial com nosso cantor mirim, que além desse talento, era uma pessoa que era de uma simplicidade pouco comum a quem foi por aquelas eras, a principal revelação, o menino prodígio de nossa cidade.

Pausa de meia década, depois que passei uma temporada morando no Rio de Janeiro, de volta a Cajazeiras, fui estudar no Colégio Estadual de Cajazeiras, e quem eu encontro estudando exatamente na minha sala: nosso cantor mirim, que já havia se tornado um adolescente.

Sua carteira era do outro lado da sala em relação a mim, mas que era o lado da bagunça, com Buda e Roberto Lira, e Antônio Carlos Vilar, entre outros, Rômulo, ficava no outro lado, no lado mais tranquilo da sala, mas isso não impediu que nós tivéssemos travado uma relação muito boa, ele que na realidade fora do palco podia ser considerado até tímido, era o que poderíamos chamar de uma pessoa extremamente simpática; não me lembro de ter tido uma sequer discussão com Rômulo. Era sempre, durante toda a sua vida, um conciliador.

Segundo soube, Rômulo ainda tentou outros voos na área da música, e fez parte de uma banda chamada “Os Brasinhas”, ao lado de Olivan Pereira, outro que nos deixou, o Big-boy, mas não foi muito longe nessa empreitada, era dos estudos. Formou-se em Engenharia agronômica, e casou-se com Francisca com quem formou um casal bonito e harmonioso.

Homem de fé, participava dos eventos da nossa Catedral Diocesana. Era de uma conversação alegre e extremamente agradável. Na última vez em que travamos um diálogo mais longo, na frente da nossa igreja Matriz, as horas se passaram, tão rápido que quando nos demos conta já estava tarde da noite. Era, por seus méritos, o filho dileto de sua mãe, que somente se recolhia depois de ver seu filho.

Eu tinha mais contato com seu irmão Gilson, que era mais afeito ao hábito da bebida, e de frequentar os “maus ambientes”, que em nossa opinião eram ótimos. Outra figura que tive uma relação muito boa,

Quis o destino, que nessa época de pandemia ambos morreram vitimados da mesma doença, o câncer, com pouco mais de um mês de diferença; em ambos os casos, sofreram de morte dolorosas, não mereciam.

Ficam as boas lembranças e o registro de pessoas maravilhosas com quem eu tive o prazer de conviver.

P.S. – Essas linhas são dedicadas a outro contemporâneo que também nossa deixou, esse vitimado pela covid 19, Jorge Dantas Formiga, meu amigo de infância e vizinho, que também vai fazer falta.

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