Pioneirismo de Rafael Holanda

Na adolescência, não tive a oportunidade de conviver com Rafael Holanda. Quando ele estudou no Ginásio Salesiano Padre Rolim, eu cursava Direito e quase não passava férias em Cajazeiras, por ser aluno do CPOR, em Fortaleza. Depois fui residir em Salvador, ficando mais complicado ainda. Mais tarde, soube de sua brilhante carreira como médico, em especial do seu “pioneirismo em termos campinenses, posto que foi ele, (…) trouxe a neurocirurgia para Campina Grande”, como recordou, em crônica recente, o urologista André Brasileiro. Com especialidade feita em São Paulo, Rafael fixou-se na Borborema, como, no passado, fizeram outros médicos cajazeirenses, a exemplo de Vital Cartaxo Rolim e Souza Assis.

Rafael foi neurocirurgião dedicado à “medicina assistencial, com mais de 16.000 procedimentos cirúrgicos”, informa André Brasileiro, que o entrevistou, meses atrás, “pensando em fazer a ele justa homenagem em vida”. A covid-19, associada a complicações cardíacas, porém, levou nosso confrade da Academia Cajazeirense de Artes e Letras (ACAL) para a viagem terrena definitiva, sob espanto de todos nós.

Na ACAL, Rafael Rodrigues Holanda ocupava a cadeira nº 29, cujo Patrono é Manuel Ferreira de Andrade Júnior, (pai de sua mãe Adorívia Ferreira de Holanda, esposa de Domício Holanda, funcionário do Banco do Brasil), filho do coronel Manuel Ferreira de Andrade. Este, importante político na região de Pilar, foi deputado estadual em várias legislaturas, quando Álvaro Machado chefiava a mais longa oligarquia paraibana. Advogado da turma de 1907, da Faculdade de Direito do Recife, Ferreira Júnior casou-se em Cajazeiras, em outubro de 1909, com Anália Domelice Bezerra, filha do coronel Justino Bezerra, então prefeito de nossa cidade, nomeado pelo governador João Machado.  

Além de promotor público por muitos anos, seu avô, Ferreira Júnior, fundou o jornal O Rio do Peixe, na década de 1920 que, pouco depois, a diocese de Cajazeiras assumiu, conservando seu fundador, que também foi professor de geografia em nossos colégios. Ele escreveu a Monografia do município de Cajazeiras, que, durante décadas, foi livro de consulta de muitos estudantes e pesquisadores.

Rafael Holanda deixou significativo legado como médico e, também, muitas crônicas escritas com esmero de homem de fé e espírito humanitário, característica de sua atuação profissional. Marca sintetizada nesta sua frase: “Se não posso salvar, consolo”.

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