O voto para presidente da República

Ao aproxima-se a eleição, aumenta a audiência do guia eleitoral, tremulam bandeiras, há mais cartazes nas ruas, em veículos, nas janelas, carros de som azucrinam nossos ouvidos. E mais, debates, carreatas, comícios, caminhadas e passeatas. Tudo isso atrai a atenção do eleitor, que já não se contém e abre seu voto em clima da decisão.

Conto o que se deu ontem.

Quando a diarista chegou para trabalhar às sete da manhã, me contou este episódio. Ela saiu de casa, vestida de verde, e, ao entrar no ônibus da linha Casa Amarela-Carrefour, o motorista a saudou com euforia de eleitor de Bolsonaro. Ela lhe jogou um balde de água fria:

– Minha camisa é verde, mas o voto é de Lula.

Falou em voz alta, provocando um zunzum no ônibus e manifestações das pessoas em generalizada animação. A maioria gritou é Lula-lá… Alguns fizeram o gesto da mão com dois dedos em forma de L, outros insistiram Lula, Lula… O ônibus estava apinhado de gente em pé, me disse Tita, que só viu três ou quatro passageiras quietas, em silêncio. Silêncio revelador, penso com meus botões. Àquela hora da manhã, há preponderância de mulheres no ônibus: domésticas, vendedoras de lojas, supermercados, gente de escritórios.              

Nada inusitado na cena real descrita.

As pesquisas, todas elas, independentes do Instituto, revelam dois dados que não se alteram ao longo das semanas, salvo pequenas variações numéricas. Primeiro, no estrato feminino as intenções de voto do candidato Lula se situam acima de 50%. Segundo, resultado semelhante ocorre com o segmento dos eleitores mais pobres (estratificados pelas pesquisas como os de renda até dois salários mínimos), aliás, a maioria da população brasileira. Também nele é grande a vantagem de Lula sobre Bolsonaro, o que, segundo analistas políticos, lhe tem assegurado, até hoje, um resistente patamar de preferência, acima de 40% dos votos no primeiro turno.

Fácil explicar.

As mulheres representam 53% do eleitorado brasileiro e a tendência de votarem em Lula tem sido ajudada pelas doidivanas manifestações de Bolsonaro, ora, grosseiras, ora machistas ou com piadas inconvenientes. Quanto ao estrato de renda, a motivação do eleitor nasce em outra fonte. A forte memória do governo de Lula, dos programas e projetos que beneficiaram, direta e indiretamente, os pobres, sobretudo do Nordeste, do Norte, das periferias dos grandes centros urbanos. Por isso, este cheiro de vitória no primeiro turno.  

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