O reconhecimento inevitável: a guerra perdida

2017, no âmbito local, nada, apenas uma nova, mas nem tanto, administração fica a definir diretrizes do que vai ser feito nos próximos quatro anos, então vamos ver o que de realmente relevante está acontecendo no País.

O que de imediato salta aos olhos é o fato vergonhoso de que sessenta e tantos presos que foram assassinados com requintes de crueldade em Manaus, enquanto uma fuga em massa era posta em prática noutro presídio amazonense, tendo por parte da imprensa internacional a repercussão tão indesejada da segunda maior chacina desde o Carandiru (esta, a segunda maior chacina da História), e como cidadão comum, fica a vergonha de ser brasileiro, ser de um país onde a injustiça impera em todos os níveis e está entranhada por quase todo o tecido social da Nação.

Aí, mais um pouco do de sempre, visitas, explicações do inexplicável, algum simulacro de providências, e se olha para o outro lado e toca-se em frente nosso “funeral” como nação civilizada, que assistimos impávidos desde que nascemos.

Se fôssemos um país que tivesse alguma vergonha na cara, já teria chegado a hora de um chefe de Estado, ou mesmo de alguma autoridade que fizesse juz ao nome “autoridade”, seria o caso de chegar aos meios de comunicação e fazer a constatação do óbvio: povo brasileiro, viemos comunicar que perdemos a guerra contra as drogas e doravante temos que buscar meios e diretrizes para tentar conviver com estas, de modo que a população sofra o menos possível. Agora o que se faz é virar a cabeça pro outro lado e deixar que o tempo apague mais esse fato lamentável de destaque nas manchetes do mundo – até a próxima…

Aí, o que temos é uma inversão de valores, a “Síndrome de Robin Hood”, em que os bandidos viram os modelos e serem imitados e seguidos. E não sem alguma razão, pois pelo maremoto de corrupção que temos visto diuturnamente na grande mídia, o Brasil é uma espécie de “clepto-corruptocracia” (triste e interessante neologismo), enraizado por onde se vá, desde a menor prefeitura até – e especialmente, o Governo Federal, que, em alguns casos, supera as mais sombrias expectativas.

Então a gente vê nas redes sociais: (fulano) menor da Okaida, se referindo a uma espécie de facção criminosa que tem atuado no nosso estado – e tudo parece que chegou na nossa cidade – ficando como um rap que meu deu medo e é mais ou menos assim: “hoje eu sou ladrão, artigo 157, as cachorras me amam, sou herói de pivete”.

A inversão da ordem social…  Já disse há vinte anos, estou repetindo, assim como algumas pessoas muito mais qualificadas que eu – Ruth cardoso, Denise Frossard, e outros: já passa da hora em que devemos enfrentar o tema das drogas, incluindo o da sua descriminalização de frente, sem eufemismos, inclusive suas consequências, como Nação e como povo.

O mais perigoso é o que estamos a encarar: a desagregação do Estado, a volta aos tempos medievais da barbárie, como o recentemente acontecido no Amazonas, em que “cidadãos”, que deveriam ser protegidos pelo Estado são assassinados e fica por isso mesmo…

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