O incrível trabalho das asas

A capacidade que o ser humano desenvolve em diferentes ritmos e áreas de estudo é impressionante. E admirável. É claro que existem objetos ditos originais, mas que, de algum jeito, em algum momento, serão revelados ao grande público. Sabemos, porém, que o grande público ainda não é tão numeroso assim. É grande por seu interesse, seu esforço, sua disciplina em sistematizar conceitos, técnicas; fazer comparações, desfazer comparações e comprová-las; propor novas ou múltiplas formas de enxergar um mesmo ponto.

Dia desses, visitei a página do bioquímico e fotógrafo norte-americano Linden Gledhill, que mantém uma pesquisa, quase um hobby, que se transforma em tarefa constante de aperfeiçoamento. Gledhill gosta de fotografar insetos e observar os diversos detalhes do material em microscópios superpotentes, adaptados para a função.

Como sou admiradora e motivada por palavras e cores, eis o título do meu blog, comecei a me identificar com o trabalho do fotógrafo. Observei, por exemplo, talvez o que mais me instigou, os detalhes multifacetados das asas das borboletas fotografadas. É por isso que sempre digo, repito, e você, que me lê agora, já leu e ainda vai ler de novo e de novo: a natureza é perfeita. A complexidade é, no íntimo, algo simples.

As asas são superposições de tonalidades, e parece que se entrecruzam e se complementam. Algumas imitam um prisma que causa espanto. Outras parecem um molho de flores. Imagine a emoção para quem vê tudo isso no microscópio. Na realidade, Gledhill constatou nas asas que as cores são escalas da luz do Sol, e que refletem o movimento colorido das muitas asas dentro da mesma unidade.

Quer dizer, o que vemos no bichinho, que poderia ter sido uma quietinha lagarta, são camadas de tecidos, linhas, novelos, se pudermos pensar assim. O ar separa as camadas, a luz expande, a cor se apresenta. Ilusão aos nossos olhares. Um passe de mágica. Uma visagem. Não. Um presente da divindade.

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