Festas juninas: usos e costumes

Seguramente, pode-se afirmar que, das três chamadas Festas Juninas – Santo Antônio (13), São João (24) e São Pedro e São Paulo (29) – a de São João é a mais popular, a que se fixou mais no imaginário popular ou no inconsciente coletivo, como queiram. (Só não entendo, hoje, por que São Paulo nunca é citado).

As festividades relativas a este período foram trazidas para o Brasil pelos colonizadores portugueses e aqui foram incorporadas aos costumes dos povos indígenas e dos negros, quando então foi introduzido o hábito do consumo ocasional das comidas com base no milho – canjica, pamonha, bolo de milho, milho cozido e/ou assado na fogueira, o manguzá, etc., evidentemente além da bebida – e as danças do forró, bumba meu boi e da quadrilha, esta, hoje, uma dança tipicamente brasileira, mas que recebeu uma “pitada” de sotaque francês.

Evidentemente, o milho impera na culinária junina em face de a sua colheita se processar nesta época. Essas festas, antes, eram mais intensas nos sítios e lugarejos do interior quando imperavam as fogueiras, os foguetórios, os arraiais e, durante um certo tempo, os paus-de-sebo e a solta de balões coloridos. Eram divertimentos para todos os gostos e todas as idades.

Por ocasião da data dedicada a Santo Antônio, era comum processarem-se as adivinhações, pois este santo sempre foi o patrono das causas perdidas, inclusive um “arrumador” de casamento, cuja devoção era cultivada, sobretudo, por aquelas que se achavam destinadas ao caritó. A título de curiosidade, cita-se, por exemplo, a adivinhação que consistia em moças, já noivas, amarrarem a sua aliança em um fio de cabelo, pendurando-a dentro de um copo d’água vazio e , rezando da “Salve Rainha” até a passagem “… mostrai-nos”, quando então se contavam quantas vezes a aliança batia nas bordas do copo, o que corresponderia aos anos que faltavam para realizar-se o almejado matrimônio.

Uma outra adivinhação consistia em a esperançosa de um casamento jogar uma moeda dentro da fogueira; no dia seguinte, logo cedo, retirava a moeda e dava-a, como esmola, ao primeiro pedinte que encontrasse, perguntando-lhe o nome, que seria, então, o mesmo do seu futuro esposo. Brincadeiras divertidas e ingênuas, mas que eram bastante cultivadas.

Eram muitas as crenças, adivinhações e superstições, mas todas elas, certamente, buscando associar o religioso ao profano. A raiz dessas práticas já vinha desde a Idade Média, quando, exemplificando mais uma vez, desenvolvia-se a “arte” da leitura das mãos em busca de se descobrir o futuro. Essas e muitas outras adivinhações ainda ocorrem em sertões remotos, mas que o progresso vai deixando para trás…

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