A campanha IML JÁ

A luta é antiga. A necessidade maior a cada dia. Sem querer fazer história, relembro alguns fatos para avaliar a tática usada na atual ofensiva pela construção do Instituto de Medicina Legal. Limito a análise ao governo de Ricardo Coutinho. Recordo a fala do Movimento dos Amigos de Cajazeiras (MAC) na plenária do Orçamento Democrático, realizada no CAIC em 29 de abril de 2011, aliás, a primeira desse tipo em Cajazeiras. Naquela ocasião, o MAC indicou alguns investimentos estratégicos para consolidar Cajazeiras como centro de ensino de dimensão regional. Foram citados, entre eles, a construção do IML e da Perimetral Norte – via de contorno, partindo da BR 230 – leste, cruzaria a PB 395, passaria ao lado do campus da UFCG, indo alcançar de novo a BR 230, próximo ao aeroporto. Este sonho morreu logo, avaliado por um fiel escudeiro de Ricardo como “obra de rico que tem carro, não é do interesse dos pobres que andam com o pé da lama”. Assim foi tratado um dos vetores fundamentais à expansão urbana de Cajazeiras e seu ordenamento.

Naquela plenária, o MAC não incluiu o Aeroporto Professor Pedro Moreira. Por quê? Porque acreditou na palavra do governador Ricardo Coutinho. Ele já havia garantido, expressamente, sua conclusão por se tratar de uma obra relevante ao desenvolvimento da região. Pouco tempo depois, tentando viabilizar a construção do IML, houve entendimento com o senador Vital do Rego, que apresentou emenda parlamentar no valor de 500 mil reais para o Instituto de Medicina Legal. Ricardo apegou-se a isso e esperou, imagino, sentindo-se desobrigado de tomar qualquer iniciativa, como se o IML fosse tão somente um equipamento urbano vinculado a questiúnculas políticas.

O IML é muito mais do que isso.

Mas só enxerga assim quem tem visão estratégica. O IML de Cajazeiras não serve apenas para pôr fim ao triste espetáculo, desumano e deprimente, de corpos estendidos no chão, horas e horas, ampliando a angústia das famílias na espera do rabecão para levá-los a Patos. Isso por si só já seria razão suficiente para o governador abraçar a causa. Agora mais do que antes, dado o aumento assustador da criminalidade causada pela disseminação do uso e tráfico de drogas e pela ocorrência frequente de acidentes de trânsito com vítimas fatais no Alto Piranhas.

Há razão forte para o IML.

Ele é também instrumento de ensino. Ele se insere no polo educacional, cada vez mais firme em Cajazeiras. Só a área de saúde conta com uma dezena de cursos, incluindo dois de medicina e três de enfermagem. O IML torna-se, portanto, um investimento estratégico, de apoio ao esforço de qualificar mais ainda o ensino no campo da saúde. Só não percebe essa realidade quem sofre da mesma miopia que priva a cidade da Via Norte.

A campanha IML JÁ, no entanto, em nada parece com a construção do laboratório de anatomia no campus da UFCG, quando se disputava o curso de medicina. Ali se fez um gesto simbólico para demonstrar o interesse da sociedade cajazeirense para influenciar a decisão locacional. Agora, não. O problema é outro. E passa pela falta de visão estratégica do governo estadual, vesgo como no caso do aeroporto.

Por isso, penso que a campanha IML JÁ tende ao insucesso, como fracassou até agora a luta pelo término e homologação do aeroporto. Dois investimentos estratégicos tratados com desdém pelo governo, embora Ricardo Coutinho seja o mais operoso governador que a Paraíba teve nos tempos atuais.

P S – Espero estar errado, tal qual o profeta popular deseja errar quando prevê seca.

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