Dom Moisés Coêlho

Nós, cajazeirenses, ufanamo-nos de haver nascido sob as bênçãos de uma igreja, à beira de um açude e às sombras de belas cajazeiras, estas que, no dizer de José Américo de Almeida, “uma árvore que chove ouro, altaneira e perfumada. Que cobre o chão com os seus frutos corados, com raios de sol. Este símbolo é vossa bandeira de grandeza e liberdade, de vossa dimensão e de vossos sentimentos benfazejos”. Desses dizeres poéticos, dever-nos-íamos envaidecer, embora as cajazeiras hoje sejam raras, mas a índole dos conterrâneos continua a mesma.

Mas, desta vez, veio-me à memória um painel poético das águas do Açude Grande. Encontro-me qual passeante contemplativo de suas calmas águas, como o fazem os espíritos esportivos e  altaneiros que conservam esse hábito. E vejo, lá pelos lados de sua vazante, pelas proximidades do sítio Recreio, o antigo sítio Riachuelo, onde residia a família do Capitão Raimundo Sizenando Coêlho (1842-1926) – membro do antigo Partido Liberal e que chegou ao cargo de Presidente do Conselho Municipal (1881884) – e Maria Lourença da Circuncisão (1846-1916).

Desse enlace, de uma prole de dez filhos, advieram figuras marcantes de cajazeirenses ilustres, entre outros, Dom Moisés Sizenando Coêlho (1887-1959), 1º Bispo Diocesano de Cajazeiras e 2º Arcebispo Metropolitano da Paraíba; Monsenhor Sabino Coêlho; o seu filho José Vieira nos deu Dom Carlos Coêlho (1907-1964), que foi Bispo de Nazaré da Mata, de Niterói e Arcebispo de Olinda/Recife; o festejado e sempre lembrado Prof. Crispim Sizenando Coêlho, tido e havido como uma marcante referência educacional em nossa cidade.

Foi na atual Basílica de Nossa Senhora das Neves que Dom Moisés foi ordenado sacerdote, na manhã do dia de Todos os Santos (1º de novembro de 1901), sendo oficiante do ato religioso Dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques, 1º Arcebispo Metropolitano da Paraíba, a quem Dom Moisés veio a substituir no comando da Arquidiocese. Dentre os novos presbíteros, ordenados sacerdotes com Dom Moisés, estavam figuras por demais conhecidas no Estado, como o foram o Padre Aristides Ferreira da Cruz e o Monsenhor Odilon da Silva Coutinho.

A Diocese de Cajazeiras foi criada, em 16 de novembro de 1914, pelas Letras Apostólicas, assinadas pelo Santo Padre Bento XV, sucessor de Pio X. Em nossa cidade, Dom Moisés exerceu o seu pastoreio durante dezessete anos (de 29 de junho de 1915 a 22 de fevereiro de 1932), quando foi designado Bispo/Coadjutor de Dom Adauto, com direito à futura sucessão no Arcebispado, cargo em que tomou posse em 29 de junho do mesmo ano. Já em nossa Capital, ele passou a residir em modestos aposentos, localizados no Mosteiro de São Bento, ambiente alternado com o Seminário Arquidiocesano (Mosteiro de São Francisco).

Com o falecimento do antecessor, Dom Moisés assumiu, definitivamente, o Arcebispado em 15 de agosto de 1935. Em sentindo se lhe minguarem as forças físicas, recorreu ao Santo Padre Pio XII, solicitando-lhe um Auxiliar/Coadjutor, cargo para o qual foi escolhido, em 24 de junho de 1954, o então Reitor do Seminário, Monsenhor Manoel Pereira da Costa.

A missão terrena de Dom Moisés encerrou-se em 18 de abril de 1959, quando foi substituído definitivamente por Dom Manoel Pereira. Oito dias antes do seu falecimento, Dom Moisés havia completado 82 anos de idade, e contava com 58 anos de sacerdócio, 44 de bispado, 27 anos de arcebispado e 24 anos à frente da Arquidiocese da Paraíba.

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