Em quem votam as periferias

Quando eu era menino, teve a campanha de Raimundo Ferreira, que nos empolgou demais, eu me lembro de dois episódios: a passeata da água, em que eram levados baldes d’agua e a gente dava banho e tomava banho, e a do telefone, que se levava telefones de plástico. Eu achava vitoriosa, mas abertas as urnas, Chico Rolim venceu. Na outra campanha, a mesma coisa, apenas quando teve a “passeata a cavalo” de Dr. Epitácio, eu vi que o slogan de Raimundo “Raimundo e o povo contra o resto”, estava derrotada, o “resto“ venceu e com folga. Naquele tempo, quem mandava eram os votos da Zona Rural. Na outra, a de Quirino, os duzentos e poucos votos de maioria vieram de Boqueirão e de Divinópolis. Já na outra eleição, vieram “as urnas da praia” em que os eleitores mais jovens votavam nas ultimas urnas, e Bosco Barreto teve sua vitória sobre Edme Tavares quando essas urnas foram abertas.

Nossa cidade se urbanizou, e esse processo continua até hoje, os ruralistas de antes vieram para as periferias de nossa cidade. Pode-se dizer que quem manda hoje em Cajazeiras é o “cinturão da pobreza” que são os bairros periféricos, como acontece no Brasil como um todo.

Dr. Epitácio na sua última campanha se reciclou, e como um político esperto (Besta era quem achava Dr. Epitácio de besta) e fez um trabalho na Zona Norte de nossa cidade, que terminou o elegendo-o pela última vez, o que o seu sucessor Carlos Antônio soube aproveitar. Quando abriam as urnas do Diocesano, em que votavam os eleitores da Zona Norte, era uma maioria de 110, 140 votos, esse trabalho foi o que lhe reelegeu.

Teve Leo, Carlos Rafael que colocou uma quadrilha para governar nossa cidade, e Carlos Antônio, substituído de última hora por Denise, foi a chapa vencedora.

Durante o governo Denise, houve a famosa (entre nós de cajazeiras) Operação Andaime, que apesar de a maior parte dos crimes investigados por ela ter sido cometido na gestão de Carlos Rafael, contribuiu decisivamente para a vitória de Zé Aldemir.

Quando se abriram as urnas da Zona Norte e das outras periferias e a vantagem de Denise não apareceu, estava consolidada a vitória da oposição. Naturalmente houveram outros fatores como um candidato experiente e que apesar de cardiopata, visitou toda a cidade e não morreu. O poder cura e rejuvenesce.

Temos a falar da candidatura de Marquinhos Campos, mas não me parece (eu não sei de nada) que ela não decolou, isso por falta do tal “serviço prestado”, que Dr. Otacílio tinha (dizem, eu era recém nascido), Dr. Epitácio tinha, Vituriano tinha, Carlos Antônio tem Denise, em sua gestão fez favor a muita gente, e isso conta, e Zé Aldemir também tem.

Fica um resultado imprevisível, mas na minha modesta opinião, quem melhor puder agradar os eleitores de nossa periferia (existem vários modos de faze-lo) ganha o pleito.

Agora: Denise deve ter aprendido com os erros cometidos, mas não tem uma operação andaime fustigando Zé Aldemir (ainda), e não vão existir os comícios para Carlos Antônio fazer Zé Aldemir de coitadinho, chamar de Judas. Mas Aldemir tem a Prefeitura e isso conta, e muito.

Mais uma vez agradeço à pandemia que fez proibir os carros de comando, e os comícios estarem roubando nossa paciência.

Que vença o (a) melhor. Nossa cidade necessita.

P.S. – nenhum amigo morreu nessa última semana, duas coisas, ou eles estão se curando da pandemia, ou já morreram todos os que deviam morrer. Assim, não tenho a quem dedicar esses escritos.

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