Coronel Chaves – a polícia cidadã

Sei que muito vai se falar e já se falou, sobre o trágico acidente que vitimou nosso grande amigo e Coronel Chaves, causando uma enorme perda para toda a nossa comunidade, a polícia e o estado como um todo. Por onde passei e falei, essa figura que tragicamente nos deixa, mais se tem a noção da lacuna seu súbito desaparecimento deixa e que vai ser difícil de preencher. Todo mundo fica bom quando morre, mas Cel. Chaves, já era bom quando vivo, e agora, vai, por méritos pessoais, virar uma figura lendária, fazer enorme falta a todos os que com ele conviveram.

O restante os elogios que vão ser ditos e escritos, vocês, verão escrito por pessõas mais chegadas, tanto na polícia, como em toda a nossa sociedade, agora faço questão de deixar público meu testemunho pessoal.

Há mais de duas décadas, quando da transformação da companhia de Policia para o VI Batalhão da PM, com sede na nossa cidade, Havia um amigo nosso, que a gente ia às festas; e me lembro bem das em Sousa, que a gente formava aquela turma de Cajazeiras, depois que terminava, voltávamos para Cajazeiras um carro atrás do outro, parávamos no Madrugão, pedíamos um sanduba e a última cerveja, para depois ir dormir, então, vinham outros, da polícia ou não, e cumprimentavam o Tenente, e alguns prestavam continência àquele nosso amigo. Como a gente, ou pelo menos eu, vindo de grandes centros, em que Polícia Militar era uma espécie de sociedade à parte do restante, ele foi a exceção naquele tempo, que depois vieram e vem tantos outros, a serem amigos que também são da Polícia Militar. Não vou citar os outros, para não perder o foco dessa homenagem, que ele tanto fez por merecer, e mais faz.

E Chaves, nosso amigo e concidadão, foi também por mérito, galgando todos os postos que eram possíveis dentro de nossa Corporação, e sempre que vinha à Cajazeiras, sempre fez questão de perguntar e procurar por todos os seus amigos, que em pequena porção, eu não sei porque, era um deles. Mais de uma vez passou em minha casa para perguntar por mim, ou naqueles tempos, tomarmos umas cervejas e botarmos as conversas em dia.  Depois, e vou contar por mera indiscrição, quando Chaves foi nomeado Comandante do VI BPM, de Cajazeiras, ele teve com a gente toda num sábado e fomos visitar o Bar do Décio, na Av. João Pessoa. Ai, ele de bermudão, camisa de meia, chinelo, quando no meio da conversa, foi interrompido por “Bidonga”, um bêbado pidão, que não o reconhecendo pediu um real a ele, e perguntado, para que, ouviu que era para comprar “um baseado”. A gente ficou com raiva e com medo, mas Chaves pegou uma nota e deu a ele e a gente o dispensou. Depois eu Perguntei: Chaves, Por que você não mandou recolher, e a resposta nunca esqueci: “Pepé, Eu não fui nomeado comandante do Batalhão, p’ra prender Bidonga não, foi para resolver problemas muito maiores, entendeu?” Só quem fosse insano não teria a noção do que se tratava, e da grandiosidade e generosidade daquela frase.

Outro aspecto: Chaves era o “homem solução”, principalmente depois que chegou a ser “Coronel Fechado”: Sempre que havia alguma coisa que não se podia resolver por aqui, se apelava para ele, e se não resolvesse, encaminhava, e se empenhava de forma pessoal em tudo, que virou uma referência. Quando Cajazeiras precisava de algo tão difícil, e até impossível, como recentemente foi o caso de nosso Aeroporto Regional, quem tomou o caso para si e empreendeu os maiores esforços para a legalização e homologação deste foi exatamente Chaves.

Infelizmente uma tragédia transformou precocemente este sujeito formidável em mais uma estatística da violência de nossas estradas.  Esse vai fazer muita falta. Muita mesmo…

Que Chaves receba o seu mais que merecido lugar junto ao Grande Arquiteto do Universo. Aqui ficamos diminuídos, fica o exemplo que a Polícia Militar e a sociedade civil podem atuar como um grande corpo harmônico e coeso, todos no mesmo barco, e remando na mesma direção… Obrigado por ter lhe conhecido. 

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