A salvação vem do Ceará

Quase todas as cidades da Região do Alto Piranhas estão sendo abastecida com água transportada por carro-pipa, coletada no Açude de Lima Campos, Distrito de Orós.

Existe um túnel Orós-Lima Campos, destinado a estabelecer comunicação entre as bacias hidráulicas do grande reservatório oroense e o icoense, permite que o segundo maior reservatório do estado supra as necessidades de água ao açude Lima Campos. O túnel, escavado na rocha, tem 1.584 m de extensão e faz a transposição de água por gravidade, sem custo com eletricidade.

Lima Campos tem a capacidade de armazenar 66.380.000 m³ e atualmente está com 30.610.000 m³ (46,11%), enquanto Orós armazena 1.940.000.000 m³ e está com 719.190.000 m³ (37,07%).

Foi divulgado recentemente que o canal Orós-Lima Campos teria sido fechado, com o objetivo de “economizar água”.

Ressalte-se que o Açude do Castanhão, no Ceará que acumula 6,7 bilhões de metros cúbicos e que atualmente está com apenas 934.250.000 m³ (13,94%), tem a capacidade de acumular mais água do que todos os açudes da Paraíba juntos. O Ceará tem a capacidade de armazenar 18,813 bilhões de metros cúbicos de água. É quase um mar, enquanto a Paraíba é quase um deserto.

Não temos dúvidas que a nossa salvação, em termos de abastecimento de água, caso se confirme as previsões de que em 2016 teremos uma grande seca será o vizinho estado do Ceará.

Tecnologia e água – A cidade de João Pessoa reuniu desde o último dia 21 até hoje, 23, brasileiros e alemães para debater estratégias e tecnologias para a escassez de água no Nordeste, em torno de um projeto coordenado pela UFCG.

O encontro tem também como objetivo fazer uma “avaliação anual das ações e resultados do primeiro ano de execução do projeto de cooperação binacional Brasil-Alemanha.

Os pesquisadores buscam definir estratégias de gestão, tecnologias e inovações adequadas à convivência com a escassez hídrica no Nordeste.  A importância deste projeto é que ele investiga o reuso de água e recarga gerenciada de aqüíferos como parte da gestão integrada dos recursos hídricos no Nordeste Brasileiro.

Este projeto envolve 21 entidades brasileiras e 10 instituições alemães, incluindo universidades, instituições de pesquisas, parceiros industriais, organizações sociais, agências reguladoras de água e comitês de bacias hidrográficas.

O projeto é coordenado no Brasil pelo professor Carlos de Oliveira Galvão, da UFCG e as áreas da pesquisa estão nas cidades paraibanas de Campina Grande, João Pessoa e Sumé, em Mossoró no Rio Grande do Norte e Recife (PE).

O conjunto destas ações visa proporcionar a implementação de tecnologias inovadoras na tentativa de diminuir os efeitos da seca em nossa região.

Na cidade de Campina Grande existe uma unidade de reuso de água já em funcionamento e que está sendo utilizada para a produção de mudas nativas e forragem animal.

Em vários países do mundo o reuso de água já é realidade e este exemplo já poderia ser aplicado no Brasil, principalmente entre nós, que somos “mal educados” quando se trata do uso da água, imagine quando formos “obrigados” a ter que reutilizá-la?

Há um ditado popular que diz: “a dor é que ensina a gemer” e pelo que temos observado é incrivelmente verdade que somos campeões em desperdiçar água, isto talvez, porque ainda não sentimos o quanto é cruel a falta de água.

Tenho comentado com alguns amigos, que se as previsões se confirmarem que, em 2016, vai acontecer uma seca igual a do ano de 1958, voltaremos em nossa cidade aos tempos anteriores ao ano de 1964, quando nossas casas eram abastecidas através de jumentos, que transportavam quatro latas de água, colhidas no Açude Grande da cidade.

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