A Reforma Protestante e as Igrejas Evangélicas

No recém-findo mês de outubro, historicamente o mundo comemorou os quinhentos anos da chamada Reforma Protestante. Esta foi assimilada como protestante pelos que pertencem à Igreja Católica Apostólica Romana, antigamente conhecida pela sigla ICAR, em face da reforma proposta pelo monge alemão Martin Luther, conhecido por nós como Martim Lutero. Os que seguiram a doutrinação/reforma estabelecida por Lutero chamam a si mesmos de crentes.

O termo “protestante” surgiu no Império Alemão, quando príncipes germânicos fizeram um protesto contra o imperador do Sacro Império Romano, Carlos V, que não aceitava a reforma proposta por Lutero. Os que a aceitavam passaram então a ser chamados de protestantes. Em 31 de outubro de 1517, o frade agostiniano (seguidores da doutrinação idealizada por Santo Agostinho) publicou as suas 95 teses que abordavam, sobretudo, os conceitos de penitência e o uso/venda de indulgências, fixando os seus escritos na porta do Palácio de Wittenger, na Alemanha.

A publicação de suas 95 teses fez com que o Papa Leão X rebatesse as suas ideias, afastando-o da ICAR, o que foi feito com a divulgação da bula papal Exsurge Domine, em 1520. Em 1521, Martin Lutero é, então, excomungado, ou seja, afastado definitivamente da Igreja Católica. Didaticamente, pode-se dizer que a diferença básica do que advogava o monge alemão e contrariava os ensinamentos de Roma/Vaticano era a eliminação dos sacramentos, dos quais somente o Batismo e a Eucaristia eram aceitos pelo reformador.

Outro ponto básico da nova doutrina eram as críticas à venda de indulgências, pregando Lutero que o único meio de salvação eterna do homem era a sua fé em Cristo. Todas essas considerações nos conduzem à cidade de Cajazeiras e à sua religiosidade.

Por aqui, havia apenas duas igrejas adeptas dessas reformas: a Assembleia de Deus, localizada na Rua Bonifácio Moura, local onde hoje está instalada a oficina da firma Cavalcanti & Primo; e a Igreja Batista, localizada na Rua Padre José Tomaz, onde hoje ainda se encontra.

A primeira, a Assembleia, nos anos 40/50, era “comandada” pelo seu pastor, Seu Chiquinho, com quem mantínhamos ótimas relações de respeito e amizade, apesar de, na época, vestirmos batina, seminarista que éramos. Mesmo assim, embora em situações diferenciadas, digamos mesmo oponentes na época, admirávamos a dedicação e o devotamente do pastor e dos seus fiéis. No início da noite, os que pela frente da Igreja transitavam ouviam o devotamento como todos oravam em voz alta…

Pela Igreja Batista, parece-nos que uma de suas vigas mestras era o pastor Oliveiros de Oliveira Fernandes, que veio a ser pai do talentoso e admirado pastor Estevam Fernandes, atuante na Igreja Batista na Capital do Estado. A propósito, Oliveiros foi nosso colega em duas frentes: era, também como nós, professor de Língua Portuguesa e funcionário do antigo Departamento de Correios e Telégrafos – DCT –, numa época em que os Correios era sinônimo de eficiência e pontualidade, o que hoje já não nos parece ser… Sinal dos tempos…

Fomos informados de que a Igreja Batista, localizada bem defronte da Sorveteria de Walmor, continua a mesma, embora tenha sofrido uma avaria em sua torre que foi restabelecida, respeitando-se o aspecto arquitetônico anterior.

Quanto à Assembleia de Deus, esta passou a funcionar pras bandas da Rua Tenente Arsênio, mantendo antigos e novos devotados. Hoje, a desunião entre católicos e evangélicos foi amenizada com a criação do ecumenismo que, no mínimo, estabeleceu elementos de tolerância entre fiéis e professadores de doutrinas que têm como único mestre o Cristo.

Outras igrejas foram sendo instaladas em nossa terra, mas, para quem vive distante, não é possível avaliar como andam a crença e o devotamente dos seus fiéis, porém de uma coisa temos a certeza: os que professam uma religião, independentemente de qual seja ela, não são criaturas diferentes ou diferenciadas, mas são, com raras exceções, cidadãos mais respeitáveis e respeitosos.

PRIMEIRA IGREJA BATISTA DA AMÉRICA, CONSTRUÍDA NOS EE.UU., EM 1638, CUJA ARQUITETURA SERVIU DE MODELO PARA VÁRIAS OUTRAS ESPALHADAS PELO MUNDO
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