A barbárie perto de nós

Deveria fazer esses textos para coisas mais consequentes, como tentar salvar a memória de nossas tradições, as figuras edificantes do passado, e outros assuntos que poderiam ser de mais proveito para algum estudioso, mas, este momento, por seus desdobramentos, me chamam como um ímã e tenho que mostrar fatos e expressar minha opinião, sob pena de me omitir quanto ao mais sério assunto da atualidade: as pavorosas carnificinas dos nossos presídios.

Assisti, hoje de manhã, entre estarrecido e atônito, uma entrevista com dois “cidadãos” que farreavam com suas namoradas, na cidade São Bento, a cento e poucos quilômetros daqui, que foram denunciados e presos e prestaram entrevista reproduzida nas nossas rádios, em que primeiro diziam pertencer ao PCC – Primeiro Comando da Capital, talvez a maior organização criminosa do momento no País, e ele fazia esta afirmação com a tranquilidade de quem dizia que trabalha numa repartição pública, que estava foragido da prisão de Alcaçuz, na Grande Natal, e que, na rebelião, em vez dos vinte e tantos mortos que o governo admite, haveriam mais de cem mortos. Seu “colega” deu declarações de semelhante teor.

Isso, leitor, não é lá nas lonjuras do Oriente Médio, no estado Islâmico, ou na Indonésia, mas aqui em Natal, e esses fugitivos foram capturados no nosso quintal e os que não foram capturados podem até estarem em Sousa ou Cajazeiras, haja visto existirem alguns de seus lugares prediletos que são nossos presídios, bairros problemáticos tipo Asa Sul, Mutirão e o famoso Cangote do Urubu, na Cidade Sorriso, ninhos perfeitos para esse tipo de ave.

Segundo disse meu falecido amigo Wilson Moreno, a (arghhh!) Ocaida, no tempo que ele frequentou aquele aprazível estabelecimento que é nosso presídio, já haviam membros e alguma influência entre os presos. Deus me ajude que eu esteja errado, mas a possibilidade de haverem criminosos entre a gente deve ser considerada, e sem se prestar a atenção que o caso merece, podemos acordar com alguma notícia nacional e vergonhosa bem aqui, no “terreiro de Mãe Aninha”, como dizia minha mãe…

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