Zerinho e os vizinhos linguarudos

Após um bem sucedido transplante renal, o empresário Zerinho Rodrigues, ex-prefeito de Cajazeiras, renasceu. Homem de fé, de gratidão, viajou à Europa para pagar uma promessa pelo restabelecimento de sua saúde e trouxe de lá uma bela imagem de Nossa Senhora de Fátima que mandou instalar no jardim da sua casa, no centro da cidade.

Para sacramentar – sem trocadilhos – a situação, juntou familiares, amigos e vizinhos, convocou a banda de música, meia dúzia de padres e o Bispo Diocesano para a celebração. Tudo devidamente retransmitido pela Rádio Oeste da Paraíba AM, de sua propriedade.

Depois da bênção da imagem e da solene fala do bispo, é claro que Zerinho iria fazer um discurso: de agradecimento pela vida renascida, pelos amigos, pelas empresas, por tudo, enfim, bem ao seu estilo de coração gigante.

Só que o discurso de Zerinho estava se alongando e os famigerados vizinhos, como de praxe, começaram a cochichar, num misto de fuxico e deboche tão característicos daquela turma. Zerinho percebeu a galhofa, mas não perdeu a fleuma e seguiu com o quase interminável discurso, voltando-se para o Bispo:

“Tá vendo, Senhor Bispo? Eu trango uma santinha tão linda lá do exterior, mando fazer um pedestal e uma cúpula no meu jardim, chamo meus amigos e familiares, e esses meus vizinhos, com quem eu convivo todo dia, ainda ficam dizendo pilhéria…” Ao que se virou para Dona Marizete, sua esposa, e sapecou ao seu estilo gozador: “Marizete, suspende a merenda pra esses azilados!”

Gargalhada geral, até do Bispo. E tudo retransmitido pelas ondas hertzianas da Rádio Oeste da Paraíba, do grande e inesquecível Zerinho, vizinho de todos nós naquela Praça Major Galdino Pires, no coração de Cajazeiras.

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