Otacílio Jurema: médico, vereador, prefeito, deputado, senador

OTACÍLIO GUIMARÃES JUREMA

* São João do Rio do Peixe (PB), 08/03/1898
+ Cajazeiras (PB), 10/08/1987

Otacílio Guimarães Jurema nasceu em São João do Rio do Peixe (PB) no dia 8 de março de 1898, filho de Joaquim Vítor Jurema e de Cecília Guimarães Jurema. Pouco depois de seu nascimento, o pai foi nomeado juiz de direito da comarca de Cajazeiras (PB).

Em 1913, seus pais mudaram-se para a cidade da Paraíba, atual João Pessoa. Ali Otacílio Jurema concluiu o primário e fez o curso ginasial no Ginásio Pio X, onde teve como colega e amigo José Lins do Rego. Durante o ano de 1915 não pôde estudar, devido às dificuldades financeiras de seu pai, reflexo da forte seca que assolou o sertão nordestino naquele período. Terminou o curso secundário no ano seguinte.

Em 1917 mudou-se para Salvador, onde foi aprovado no vestibular da Faculdade de Medicina da Bahia. Em 1918, pediu transferência para a Escola Anatômica, Cirúrgica e Médica, que no mesmo ano passou a chamar-se Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, então Distrito Federal, formando-se  em 1923. Entre seus colegas de turma destacaram-se Ademar Pereira de Barros, futuro governador São Paulo (1947-1951), e Lavoisier Maia, que viria a ser governador do Rio Grande do Norte. Otacílio Jurema defendeu sua tese de doutoramento, Terapêutica dos fibromas uterinos, em 1924.

Em setembro de 1923 foi eleito vereador em Cajazeiras, destacando-se na Câmara Municipal pela defesa dos pobres e oprimidos. Foi o primeiro médico a fixar residência na cidade. Entre 1927 e 1928, em sociedade com um amigo, fundou a Casa de Saúde Miguel Couto, que funcionou apenas sete meses. Em 1929, após a morte da mãe, passou cerca de um ano trabalhando na cidade de Bauru (SP), retornando depois à Paraíba.

Participou da Revolução de 1930, servindo como médico no 23º Batalhão de Caçadores, em Fortaleza. Com o fim do Governo Provisório de Getúlio Vargas e a redemocratização do país em 1934, Otacílio Jurema foi eleito vereador em Cajazeiras, no final de 1935. Assumiu o mandato em 27 de janeiro do ano seguinte, tornando-se secretário da mesa da Câmara Municipal. Com o advento do Estado Novo, em 10 de novembro de 1937, Jurema teve o seu mandato de vereador interrompido pelo fechamento dos legislativos de todo o país. Continuou a exercer a medicina, sem discriminar aqueles que não podiam pagar as consultas.

Findo o Estado Novo (29/10/1945) e a redemocratização do país, Osvaldo Trigueiro elegeu-se governador da Paraíba em janeiro de 1947 e nomeou Jurema secretário estadual da Educação e Saúde, cargo que exerceu até junho de 1949. Durante esse período, na área da educação, construiu colégios, salas de aula, desapropriou prédios para transformá-los em escolas e preocupou-se com a qualificação e seleção do quadro de professores. Na área da saúde, sua grande preocupação foi o desenvolvimento da medicina social e o atendimento qualificado nos postos de saúde espalhados por todo o estado. No ano seguinte, instalou um consultório em Campina Grande (PB) e tornou-se médico do Hospital do Instituto de Previdência e Assistência aos Servidores do Estado (IPASE) nesta cidade e do Departamento Nacional de Obras contra as Secas (DNOCS), na cidade de São Gonçalo (PB).

Filiado à União Democrática Nacional (UDN), elegeu-se prefeito de Cajazeiras (PB), em agosto de 1951. Transferiu-se depois para o Partido Social Progressista (PSP) e, em outubro de 1954, foi eleito suplente do senador João Cavalcanti de Arruda, candidato da coligação UDN e PSP. Em 30 de novembro de 1955, deixou a prefeitura de Cajazeiras e, no mês seguinte, foi convocado para substituir o titular da cadeira no Senado. Exerceu o mandato até março de 1956, tendo participado da Comissão de Finanças. Retornou, em dezembro, ao Congresso, onde permaneceu até março de 1957. Reassumiu em novembro e exerceu o mandato até abril de 1958, quando integrou a Comissão de Legislação Social, como suplente, e a Comissão de Educação e Cultura, em substituição ao senador Reginaldo Fernandes.

Em agosto de 1959, tornou-se mais uma vez prefeito de Cajazeiras. Executou, então, obras  importantes para melhoria da qualidade de vida da população, como o abastecimento de água do açude de Boqueirão e de energia elétrica proveniente da hidrelétrica de Paulo Afonso. Em setembro de 1962, licenciou-se por um mês para concorrer a uma cadeira na Assembléia Legislativa de seu estado, sendo substituído no cargo pelo presidente da Câmara Municipal, Francisco Rolim. Eleito deputado estadual na legenda do Partido Socialista Brasileiro (PSB), reassumiu em seguida a prefeitura. Voltou a licenciar-se em 31 de janeiro de 1963, para assumir sua cadeira no Legislativo estadual. Após o ato formal de posse, licenciou-se da Assembléia e reassumiu o cargo de prefeito até o final do mandato, em 30 de novembro, quando transferiu a chefia do governo municipal a Francisco Matias Rolim, eleito em agosto de 1963.

No início do ano seguinte voltou à Assembléia Legislativa. Devido ao movimento político-militar de 31 de março de 1964 que depôs o presidente João Goulart (1961-1964), extinguiu os partidos políticos com o Ato Institucional nº 2 (27/10/1965) e instaurou o bipartidarismo, filiou-se ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido de oposição ao regime militar. Concorreu à reeleição no pleito de novembro de 1966, mas não obteve êxito. Permaneceu na Assembléia Legislativa até o fim de janeiro de 1967, final de seu mandato.

Abandonou a política para dedicar-se exclusivamente à medicina. Foi membro da Sociedade de Medicina e Cirurgia da Paraíba.

Faleceu em Cajazeiras no dia 10 de agosto de 1987.

Não era casado e não teve filhos.

Em sua homenagem, a Câmara Municipal de Cajazeiras passou a se chamar “Casa Otacílio Jurema.”

Publicou Aspectos do Nordeste e Seca no Nordeste. Sobre sua vida, foi publicado Centenário Otacílio Jurema. Cem anos de honestidade.

COM INFORMAÇÕES DO CPDOC DA FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS

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