O telex do Banco do Brasil

Quem vê os milagres do computador e da internet, nos dias de hoje, mal lembra dos tempos em que se fazia um texto batendo na tecla queixo duro da Olivetti manual, errando e sendo obrigado a apagar tudo com borracha ou botando um monte de x em cima.

Não lembra nem mesmo do finado telex, que quando chegou foi saudado como milagre do avanço tecnológico, e hoje é peça de museu.

De fato, o telex era o fino da moda na década de 70. Mandava textos para Oropa, França e Bahia e ainda recebia os textos de lá, sozinho, sem carecer ninguém mexer nos seus botões.

Quando instalaram o primeiro telex na agência do Banco do Brasil de Cajazeiras, o vigilante Antonio de Nezinho, que dormia dentro do banco, acordou com a zoada da máquina fazendo aquele matraquear infernal. Espantado, ajeitou as calças e correu feito doido, esquecendo o revólver, o quepe e a garrafa de café que sempre levava para espantar o sono.

Pulou o muro, debandou para os lados do cabaré de Lilia e somente no outro dia, com o sol bem alto, apareceu perante o tesoureiro, Seu Santino, para pedir as contas. Seu Santino ainda ponderou, pedindo para ele ficar. Mas Antonio de Nezinho, irredutível, fincou pé na demissão:

“Fico não, Seu Santino, que já morreu muitos funcionários aqui dentro e agora as máquinas deram para bater sozinhas, de noite. Eu sou vigia de gente viva. Num ganho para tocaiar alma.”

DO BLOG DO TIÃO LUCENA

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