A viagem

A Viação Andorinha, de João Rodrigues, todos os dias fazia o percurso de Cajazeiras a Antenor Navarro. Em uma dessas viagens, no ônibus lotado, como sempre, estavam os Penetras Mosquito e Cara de C*. Entre os passageiros, duas simpáticas freiras.

Já distante da cidade, os dois começam a fazer as presepadas de sempre, imitando um viado e uma bicha louca – trejeitos que só eles sabiam fazer.

O Penetra Mosquito dizia: “Motorista, meu filho, gostoso, fofinho, lindo…”

E Cara Daquilo falava: “Ele é meu e ninguém me toma: é meu, é meu!”

E a brincadeira seguia, deixando os passageiros aflitos e apreensivos: “Cuidado, motorista, meu tesão, não deixe o ônibus virar! Cuidado! Vai virar, virar, virou, virou!”

Enquanto isso, as freiras, sentadas, rezavam, pedindo a Deus que a viagem logo terminasse. A esculhambação dentro do ônibus continuava. Algumas pessoas riam, enquanto que outras ficavam exaltadas.

Não suportando tanta molecagem dos dois Penetras, as freiras pedem para que o motorista pare o ônibus de qualquer jeito, em plena estrada.

Ao descer, uma delas comenta para a outra: “Deus me livre de viajar outra vez com esses dois moleques!”

DO LIVRO ‘OS PENETRAS’ DE JOSÉ MIGUEL LEITE JÚNIOR

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Publicações relacionadas
Total
0
Share