[1999] Zerinho protagoniza polêmica, é humilhado, reage e passa mal

O ex-prefeito de Cajazeiras e atual adjunto da Secretaria da Indústria, Comércio, Turismo, Ciência e Tecnologia do Estado, empresário José Nello Zerinho Rodrigues, foi protagonista de uma cena polêmica durante o carnaval de Cajazeiras.

Já era madrugada da Quarta-feira de Cinzas, após rápidos e inoportunos discursos do prefeito Epitácio Leite e da deputada Zarinha Leite, sob uma saraivada de vaias, Zerinho também tomou do microfone do sistema de sonorização da avenida presidente João Pessoa para falar para uma massa de foliões ávida por mais acordes de frevo e axé music.

Usando um estilo irreverente, provavelmente para tentar se livrar das vaias, o secretário Zerinho passou a aconselhar os foliões a aproveitarem o finalzinho do carnaval cajazeirense. “Abracem-se, beijem-se, amem-se”, estimulava. Empolgado, Zerinho passou dos limites: “Trepem!”. A exortação foi repetida várias vezes, com a tradicional recomendação para que a camisinha não fosse esquecida.

O inusitado aconselhamento incendiou a cidade de Cajazeiras feito um rastilho de pólvora. Os adversários políticos de Zerinho, saídos de todas as camadas sociais, acabaram, no dia seguinte, na quinta-feira, se utilizando de um programa de uma emissora de rádio local para, através do telefone, condenar o discurso pouco ortodoxo.

Fizeram mais: baixaram o nível e enxovalharam a imagem pessoal de Zerinho, com acusações pessoais de baixo nível.

O ex-prefeito Zerinho tentou explicar que suas palavras não tinham a intenção de desrespeitar os foliões e nem a sociedade de Cajazeiras, mas apenas de estimular todos a brincarem sem violência.

Zerinho recebeu a solidariedade do prefeito Epitácio Leite, da deputada Zarinha Leite e de diversos amigos. O deputado federal Wilson Braga, que recebeu o apoio de Zerinho na última campanha, telefonou para hipotecar sua solidariedade e manifestar seu desejo de vender os 60% das ações da Difusora Rádio Cajazeiras (Braga é sócio majoritário), veículo usado pelos adversários de Zerinho.

Em Cajazeiras, chegou-se a divulgar que o governador José Maranhão, ao tomar conhecimento do teor do discurso de Zerinho durante o carnaval, o teria demitido do cargo de adjunto da Secretaria da Indústria e Comércio.

Esse episódio teria se somado a três outros do desagrado do governador. O primeiro teria sido uma nota publicada por supostos amigos de Zerinho na imprensa estadual onde se afirmava que o deputado Antônio Vituriano teria votado no então candidato Zé Maranhão em troca de AIHs para seu hospital particular.

Noutra oportunidade, Zerinho fez duras críticas a Vituriano por ele ter votado, no Congresso, na emenda que instituiu a cobrança previdenciária de inativos e pensionistas da União. O voto de Vituriano teria sido solicitado pelo próprio governador. Vituriano fez uma cópia das críticas e teria entregado ao próprio Zé Maranhão.

Mais recentemente, na posse do prefeito Geraldo Nogueira na presidência da Amap, o ex-prefeito interrompeu seu discurso para perguntar porque o vereador Kléber Lima olhava tanto para ele.

Esses episódios estariam, na avaliação de deputados, na Assembléia Legislativa, de auxiliares do governo do Estado, “queimando o filme” perante o governador José Maranhão. Ele estaria, como diz o ditado popular, “morrendo pela boca como peixe”.

Na manhã de sexta-feira, depois de rebater as humilhações sofridas num programa de rádio, Zerinho sentiu-se mal e foi transferido às pressas para João Pessoa, onde após submeter-se a uma bateria de exames, ficou constatado que teria sido vítima de AVC – Acidente Vascular Cerebral, com consequências nos movimentos do braço e da perna. Zerinho estaria se locomovendo com o auxílio de uma cadeira de rodas.

GAZETA DO ALTO PIRANHAS – ANO I – Nº 8 – 21 A 27/02/1999

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