Um dos quadros mais lamentáveis, que depõe contra Cajazeiras e exige uma posição do Poder Público Municipal: atualmente, mais de dez famílias estão sobrevivendo do lixo residencial que é recolhido na cidade e despejado no Lixão da Prefeitura, a cerca de três quilômetros do centro. Elas separam garrafas, latas, papéis e outros materiais desprezados, e depois vendem a comerciantes de Campina Grande, ao preço de 20 centavos o quilo.
As famílias de catadores de lixo se deslocam diariamente ao Lixão da Prefeitura de Cajazeiras e se misturam aos animais e insetos. Elas não usam luvas e calçados adequados para o trabalho, se expondo a todos os riscos de contrair doenças. E o pior: o lixo hospitalar que é recolhido em alguns hospitais e postos de saúde da cidade, que deveria ser incinerado, está sendo também despejado no Lixão, se constituindo numa ameaça à saúde pública.
A senhora Maria do Carmo Silva, 54 anos, mãe de quatro filhos, falou ao GAZETA do Alto Piranhas e relatou o drama enfrentado pelas pessoas que sobrevivem do lixo, em Cajazeiras. Residente a poucos metros do Lixão, dona Maria do Carmo disse que os catadores não dispõem das mínimas condições de higiene e vivem desprezados pelos poderes públicos. Ela disse que há dois anos, vive de catar lixo com os filhos, e não aguenta mais essa situação. “O dinheiro conseguido com a venda do lixo é pouco e só dá para adquirir o mínimo necessário para o sustento da família”, disse dona Maria do Carmo.
Essa situação do lixo em Cajazeiras traz à tona uma questão social muito séria, que precisa ser encarada com urgência, pela Prefeitura Municipal. A experiência da usina de reciclagem e compostagem vem dando certo em vários municípios do Estado, a exemplo de Guarabira, Patos e Catolé do Rocha, e poderia ser aplicada em Cajazeiras. Nesses municípios, o novo destino que vem sendo dado ao lixo tem gerado empregos diretos e indiretos e melhorado a qualidade de vida das pessoas.
GAZETA DO ALTO PIRANHAS – ANO I – Nº 3 – 17 A 23/01/1999
