Após criança morrer na UPA de Cajazeiras, família acusa médica de plantão de negligência

Uma criança de um ano e seis meses de idade, identificada como Deyvison Kevin Farias Pereira, que residia no Distrito de Boqueirão de Piranhas, em Cajazeiras, faleceu na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), na manhã deste domingo (21), e novamente os familiares acusam uma médica de plantão de ter sido negligente no tratamento. O bebê foi sepultado na tarde deste domingo em Boqueirão. É o segundo óbito de criança na UPA de Cajazeiras em apenas cinco dias.

Aline Ferreira, que é tia do bebê e acompanhou de perto boa parte do processo, contou ao Diário do Sertão que Deyvison deu entrada na UPA duas vezes na madrugada deste domingo com problemas intestinais e sofrendo convulsões. A família suspeitava de infecção intestinal, mas a primeira médica não teria considerado o caso grave. Aline afirma que a causa morte alegada por outra médica que assumiu o plantão em seguida, foi infecção intestinal com convulsão febril e parada cardíaca.

Segundo Aline Ferreira, na primeira vez a criança foi liberada pela médica de plantão para voltar para casa, mesmo sob os apelos da mãe, que não queria voltar porque sabia que o caso clínico era delicado. Poucas horas depois, o estado de saúde do pequeno Deyvison se agravou e a família retornou desesperada à UPA, pois a criança estava sofrendo convulsões constantes, apresentava febre muito alta e estava ficando roxa.

Como o estado de saúde era muito grave, os familiares não quiseram esperar fazer a ficha na segunda passagem (com a mesma plantonista) e já adentraram aos corredores exigindo atendimento urgente. Apesar dos protestos da médica, o bebê foi atendido novamente sem precisar fazer ficha antes.

Aline conta que as enfermeiras colocaram a criança no oxigênio, no aparelho de medição da saturação e passaram a aplicar medicações por injeção, mas o quadro de saúde só piorava. Ela diz que o tempo todo os familiares alertavam a médica de que a saturação e os batimentos cardíacos estavam caindo muito rápido, mas a plantonista ficava apenas sentada ao computador e dando ordens para a equipe de enfermagem. A alegação que a médica deu várias vezes é que o aparelho estaria com defeito, por isso ela mandou trocá-lo. No entanto, o resultado mostrava sempre a mesma saturação, em torno de 65,7, e os batimentos em torno de 40, em queda.

“Foi uma injeção atrás da outra para baixar a febre e nada de baixar. Eu falei pra ela que a febre não estava baixando, estava piorando. Chegou lá com 38.9, foi para 40.2. E ela dizendo que não era a febre que estava aumentando, era o termômetro que estava quente porque eu tinha colocado muitas vezes. De instante em instante ele estava convulsionando. Ela pediu para a enfermeira aspirar, aí começou a sair um líquido da boca dele, uma secreção escura, e eu me desesperei”.

Polícia foi chamada

Aline relata que a médica chamou a polícia alegando que os familiares estavam atrapalhando o atendimento. Além da polícia, também chamou o marido para aguardá-la do lado de fora. Nesse momento a situação ficou bastante tensa e o marido da médica teria apontado o dedo na cara do pai da criança, segundo conta a tia.

“Depois que eu me desesperei, eles mandaram chamar a polícia dizendo que eu estava atrapalhando o procedimento. Eu estava pedindo para socorrer a criança e ela estava sentada numa cadeira mexendo num computador em vez de vir socorrer a criança. Ela estava só mandando as enfermeiras fazer os procedimentos. Ela não chegou nenhuma vez em cima da criança para poder ajudar, ela deixou a criança morrer. E quanto mais eu falava, mais ela achava ruim”, falou a tia da criança.

“Anteriormente eles já tinham dado entrada com o bebê, só que eu não presenciei, não estava. Mas eles relataram que ela [a médica] mandou o menino ir para casa, disse que o menino não estava com infecção, que estava ótimo e podia ir para casa. A mãe do bebê implorou para não voltar para Boqueirão com o menino na situação que estava. A mãe do bebê relatou que ele já estava espumando na boca. Então, já estava convulsionando anteriormente”, acrescentou.

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