Uma família sertaneja e o riso de Moreira

O lançamento do livro Uma família sertaneja, de José Moreira Lustosa foi um evento além dos limites do enorme clã do autor. Virou uma festa para Cajazeiras. A quadra de esportes da AABB ficou lotada e as imagens divulgadas em redes sociais atestam a veracidade do cálculo de mais de 700 pessoas! Lançamento literário, mesmo festivo, raramente alcança tal dimensão. É verdade que os organizadores convidaram centenas de personagens citados nas 2.500 páginas da obra, distribuídas em cinco volumes! Por isso, foram para Cajazeiras familiares de todos os estados brasileiros, à exceção de dois.

Mais importante, porém, é o livro.

Não o li nem vou ler. Livro de genealogia a gente consulta. Romance ou livro de história pode e deve ser lido do começo ao fim. Estudo de genealogia, não. Aquele intricado de nomes e entrelaçamento de famílias serve muito além de deleite para quem figura em suas páginas, com ou sem fotos. É fonte de dados básicos para cientistas sociais e políticos, historiadores, jornalistas e um mundo de pesquisadores ou simples curiosos. Não afirmo isso porque ouvi de algum professor ou li em iluminado texto acadêmico. Falo por experiência própria, graças ao contato, ainda adolescente, com esse tipo de literatura ao acompanhar meu cunhado, Mozart Soriano Aderaldo, na montagem do quebra-cabeça da árvore genealógica de sua esposa, transformada no notável livro Rolins, Cartaxos e Afins. Extraordinário, embora incompleto, como são todos os livros de genealogia, mesmo sendo gigante, como o de Moreira Lustosa.

Mais do que antes, porque me tornei aprendiz de historiador, busco e encontro na genealogia respostas para eternas dúvidas de quem deseja deslindar melhor o passado. Isso me dá a convicção de que, daqui a cem anos, haverá pesquisador consultando Uma família sertaneja. Moreira ficará eterno, mesmo com as lacunas e enganos, por desventura, existentes em seu gigantesco livro.

Em conversas intermináveis com Moreira, eu costumava lhe dizer para não se preocupar em concluir suas investigações, ora, amigo, obra de genealogia jamais tem fim. Publique o que for possível, eu lhe sugeria, sempre acreditando na sua tenacidade, mesmo quando ouvia comentários assim:

– Moreira vai ficar mais doido ainda… esse livro não vai sair nunca!

O riso no canto da boca e uma ponta de inveja acompanhavam a frase e o gesto. Hoje Moreira Lustosa ri. Viva! Ri melhor quem ri por último.

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