Regina Holanda nos deixa

Acabei de voltar do enterro de uma velha e queridíssima amiga a, entre outras coisas, professora: Regina Holanda. E não poderia, ao lado de tantos que devem comentar esse assunto, de deixar de dar meu depoimento pessoal.

Nossa relação começou muito antes de sequer a conhecer, pois quando tinha menos de um ano, eu bebi uma garrafa de querosene que esqueceram na sala onde eu engatinhava, e quase meus poucos leitores não têm o prazer de nunca me ter lido, pois passei muito perto de morrer, mas passado a crise, eu por quase um mês, não melhorava, ficava naquele morre-não-morre, e os médicos, colegas de meu pai ficavam ao meu redor, cada um sugerindo um possível diagnóstico ou tratamento. Até que algum desses sugeriu que me dessem o remédio para paratifo que a filha de D. Herotildes Holanda, Regina, estava tomando; e fiquei bom, parece que estava com a mesma doença, e talvez o que me salvou, é o que me contavam. Durante toda a vida a chamei de “Tia Rege”, e contei para ele muitas vezes, sendo motivo de muitas risadas durante nossas cervejadas.

Depois, quando me entendi de gente e comecei a saber do mundo, ainda menino, eram os tempos dos Beatles e da Jovem Guarda, haviam entre as musas daquele tempo uma que se destacava, tanto como bonita, bem feita, etc, quanto por ser o que hoje poderíamos chamar de ousada, que naquele tempo era beijar na boca, dançar colado, essas coisas, o que hoje seria considerado acatado, na década de 60, era super escandaloso. Lembro-me que em alguns domingos íamos para a Fazenda Santa Catarina, tomar banho de rio e Regina já adolescente, que fazia a diferença. Ela, uma das mais bonitas meninas de seu tempo, namorou com muitos meninos, e arrasou muitos corações daqueles tempos e depois.

Eu naquela época acabava se sair da infância não tive a oportunidade de ser um deles, cinco, sete anos contam e muito, mas tive o prazer de conviver com Regina, e era mais aproximado se suas irmãs mais novas, Rosângela e Rejane, Rosane a caçula, já era da geração seguinte à minha, mas com todas as filhas de Cícero Henrique e D Herotíldes Holanda, tive, como todos os contemporâneos, grandes relações de amizade até hoje. Todas quatro irmãs mercaram presença de destaque no seio de nossa sociedade.

Mas não vamos mudar o foco dessa homenagem. Regina, como suas irmãs, tiveram a melhor educação que era disponível aqui em Cajazeiras, e encontrou seu lugar no magistério, lecionando, entre outros lugares na escola Mons. Milanez, que por ocasião de seu funeral, lhe prestou merecida homenagem.

Também atuou no TAC – Teatro de Amadores de cajazeiras, dirigida por minha mãe, D. Ica, que cito as encenações de Fui Eu, Mais Não Espalhe e Édipo Rei. Numa das últimas vezes que nos encontramos, ela me pediu o texto original dessa primeira peça para fazer uma re-encenação, que com, seu desaparecimento, fico devendo.

Regina era extremamente prestativa, daquelas que se oferecem para fazer alguma coisa por você sem haver qualquer interesse, agradável e extrovertida, em mesa de bar quando eu bebia, era uma companhia marcante, nunca tive a oportunidade de ter um contato mais íntimo, agora sempre tive por ela, e por toda sua família, grande satisfação em poder gozar de sua amizade que sabia ser recíproca.

Pois é: No último final de semana perdemos Regina Holanda, e me fica a impressão que toda uma época, e uma que valia a pena viver nela, se foi e quem não vivenciou ficou na perda.

A Jovem Guarda acabou Elvis e John Lennon morreram…

Hoje só lembrança de Bartô Galeno e esse forró eletrônico insuportável… Como devia serem os sons das guitarras para nossos pais.

Cada tempo com sua gente e suas histórias…

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