Piancó: quem vai cuidar do nosso rio?

Falo  do rio que passa em nossa cidade que tem o seu nascedouro em Conceição do Piancó e por isso mesmo é denominado Rio Piancó. Suas águas são  perenes dia e noite durante anos e mais anos percorrendo essa vasta região sertaneja, localiza-se a margem direita de nossa urbe. Quantas vezes nos esquecemos desse rio; fonte que enriquece nosso torrão natal  carregando em seu leito o precioso líquido que necessitamos para  sobreviver.

Minha infância e grande parte da minha adolescência foram vividas na casa de  meus pais que moravam a Rua Cel. José Fernandes número 441, (hoje prédio da Malharia Simples), logradouro público conhecido por rua do rio,  justamente por margear a passagem das águas cristalinas no leito do rio que só transbordava saindo de seu limite, em épocas invernosas quando o açude Coremas/Mãe d’água sangra; aí sim, essas águas agora turvas  adentravam e adentram ao muro das casas dos moradores ribeirinhos.

Que  tempo bom! Uma época que não se ouvia nem falar na palavra poluição, aliás, ninguém sabia nem o que era isso. Não havia saneamento básico para o precioso líquido chegar as nossas torneiras, à água era  transportada em ancoretas nos lombos dos jegues pelos aguadeiros de  plantão. Éramos abençoados, pois apesar do modo precário como a água  chegava às residências, se tinha como caso raro o registro de alguma  doença por causa do precioso líquido.

Como  se não bastasse, a perenidade do rio Piancó proporcionava as mulheres  de famílias humildes se dedicarem ao ofício de lavar roupa. Era ganho  pão que elas tinham para o seu sustento e de seus filhos. A despeito da  espuma produzida pelo sabão na esfrega da roupa para deixa-la toda  limpinha, bolhas se formavam na superfície do líquido inodoro e logo  desapareciam na correnteza da água.

Hoje  muita coisa mudou com a evolução do tempo. No entanto, nosso rio, não  tem recebido atenção especial que merece quanto aos cuidados ecológicos  relativos a tudo que o cerca e que deve ser preservado para o nosso bem. Infelizmente nosso rio está poluído!

Quem conheceu anteriormente a região que fica por trás do antigo Grande  Hotel – (hoje Shopping de produtos importados), vai notar a diferença  que existe naquela área para o que era acerca de trinta a quarenta anos  atrás. Dejetos e outros elementos poluentes tem desgraçado o local a  ponto de transeuntes não passarem mais ali e nem tão pouco ter a  serventia de balneário público, como era em tempos passados.

Sete  esgotos distribuídos em diversos pontos da cidade têm transferidos para  o rio milhares de metros cúbicos de resíduos. A população e seguimentos  da sociedade têm feito manifestações quase que anualmente no sentido de  que todos encampem essa luta buscando solução para o problema que se  arrasta há anos sem fio.

Mudança  sucessiva no perfil do rio tem ocorrido também em face da ação  predatória do homem ao exercer suas atividades agrícolas, ações essas  diretamente ligadas à criação de gado e também no uso indiscriminado de  defensivos agrícolas, este último com menos intensidade. É preciso  também notar as mudanças que ocorrem no curso do rio inerentes da  própria natureza, quando das enchentes em tempos de invernos caudalosos  provocando erosões.

Espera-se  que num futuro que não está tão longe, o nosso rio Piancó tenha  finalmente as suas águas despoluídas, pois uma obra gigantesca no valor  de dezoito milhões está sendo executada na cidade, agregando um número  considerável de pombalenses na execução dos serviços do esgotamento  sanitário, contratados pela firma executora. Tudo isso, graças ao  empenho e a desenvoltura administrativa da Prefeita Yasnaia Pollyanna  (PT), que entregou em mãos ao Presidente Lula, o Projeto do Esgotamento  Sanitário da cidade de Pombal e prontamente foi atendida.

Com  o término da obra, o rio Piancó na área que abrange Pombal, terá  eliminado para sempre os dejetos e outros elementos poluentes, fazendo  com que o nosso principal manancial seja reservado tão somente às águas  pluviais.

Certa vez, feliz e divinamente inspirado o engenheiro civil e escritor pombalense, Paulo Abrantes de Oliveira, fez essa belíssima narração sobre Rio Piancó:

“Difícil  eleger o lugar do rio que é mais bonito. De norte a sul de Pombal,  insinua-se uma margem cativante, cheia de atrações a ser descoberta – a  cor prateada do rio, a delicadeza das suas correntezas, um cenário de  lindas ingazeiras que se debruçam querendo beijar suas águas, a  vegetação típica surgindo entre as pedras entremeando-as de  mandacarus… Tão repousante é essa visão que mesmo aqueles que  dispensam um bom mergulho ou querem distância das pedras, se rendem ao  chamado do rio. Por todas essas razões, ter sonhos tomando banhos no rio  de Pombal, é coisa de muitos filhos da terra. Sonhos que podem assumir  vários contornos, o de construir uma casa rústica á beira-do-rio e, quem  sabe planejar seu futuro refúgio na terra em que nasceu”

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