Mulher-mãe, mulher-filha, mulher-amiga, mulher-irmã. Parabéns pelas lágrimas e risos, pelas estrelas contadas, pelas chuvas em copos d’água, pelo amor. Eu me parabenizo, tenho direito, é também meu dia: dia de Lua, dia de festa, dia ensolarado, dia nublado? Dia da mulher.
Luluzinhas feministas, na luta pelo reconhecimento da inteligência; Carolinas sonhadoras (na janela) na busca de um ideal; Cleópatras, almejando a vitória. Eu me parabenizo, tenho dever, afinal, sou um pouco borboleta e um pouco cigarra; às vezes jibóia, às vezes coruja; metade árvore, metade cachoeira; um tanto derrota, um tanto coragem.
“E Deus criou a mulher…”, que enfrentou um batalhão de senhores engomados e carrancudos – os seus próprios senhores – para ganhar o mundo. A verdade, bem ou mal, é simples: a mulher pôs a boca no mundo, no batom, na liberdade. Hoje, ela é também batalhão. Hoje ela é também força, comprovada depois de uma escravidão física e moral, cujas conseqüências ainda esbarram em certos homens, certas leis, certas crenças e costumes. Hoje, a mulher não quer ser mais objeto manipulado e inocente; se assim o fizer, será por pura vontade. E hoje, também, a mulher não é mais obrigada a casar: ela pode dizer sim ou não.
Viva a mulher, a sensualidade feminina, a maternidade, o absorvente, a meia-calça, o salto-alto… Viva a menininha e a vovó. Tudo o que é feminino em tanta coisa: a multiplicação, a novela, a gramática, a montanha, a galáxia.
É a mulher que costuma compreender (mais) e que proporciona (mais) carinho e dedicação. Inegável. E os homens devem estar doidos pra dizer: “mas que também faz uma macarronada deliciosa…”. Mas fogões e tanques servem para ambos os sexos; sensibilidades é que promovem a diferença.
Eu me parabenizo porque ora sou rã, ora bicicleta; ora cerveja, ora tristeza; ora Medéia, ora Cinderela; ora flauta, ora sanfona; ora janela, ora solidão.
Parabéns à Maria santíssima e às marias que lutam e vagam pela terra.
E viva a leitora deste jornal.
