O Rio de Cajazeiras

Muitos cajazeirenses ficaram eufóricos com reportagem veiculada no programa matutino É de Casa, da Tv Globo, comparando Cajazeiras ao Rio de Janeiro no aspecto de ter seu Cristo Redentor, quase chegando a um século de sua instalação e à área de lazer do Leblon, onde congrega botecos com som ao vivo, calçadão para caminhada, o deslumbrante pôr do sol do Açude Grande e outras atividades culturais.

Que beleza o Leblon do Rio de Janeiro à dezembro, como o de Cajazeiras. Prefiro tomar minha cervejinha no boteco de Fon Fon. Cerveja geladinha, churrasquinho e lá sempre se encontra amigos para altos papos.

O Leblon do Rio foi abordado como temática principal das novelas do roteirista Manoel Carlos, onde ele nunca esqueceu Helena, uma personagem mítica para ele. A reportagem pesquisou e até encontrou uma Helena em Cajazeiras. Ela apareceu descendo a escada do primeiro andar de sua casa e mostrando fotos suas quando criança no Açude Grande. Cada cajazeirense que lá viveu em sua adolescência tem lá sua romântica Helena conquistada nos passeios da Praça João Pessoa, nos cinemas Éden, Pax e Apolo XI…

Tem dia em Cajazeiras que o calor está escaldante. É quando o vento do Aracati não chega por lá e os 40 graus acomoda na cidade. Como a ebulição do Rio 40 Graus celebrizado no filme de Nelson Pereira dos Santos. Pereira? Oxente, será que ele era meu primo?

O Rio de Janeiro sempre foi rica culturalmente. A Academia Brasileira de Letras fica onde? No Rio de Janeiro. Pois Cajazeiras também tem sua Academia de Letras, a ACAL, Academia Cajazeirense de Artes e Letras, que segue as linhas mestres dessa entidade. Ora pois.

A Editora Civilização Brasileira e José Olympio foram marcos na editoração de livros no Rio e no Brasil. Pois Cajazeiras também tem uma editora profissional de repercussão nacional, a Arribaçã, que foi até capa da importante Revista Língua Portuguesa e Literatura.

A Biblioteca Nacional? Cajazeiras tem a sua municipal com mais de meio século em atividade.

Conheço o Rio de Janeiro. É maravilhoso. Eu, Maurinete minha esposa e Letícia minha filha tomamos cerveja no Garota de Ipanema e no Bar Vinícius de Moraes, visitamos o Instituto Moreira Sales, livrarias e outros tantos e tantos botecos e pontos importantes. Muito legal. No entanto vocês que provavelmente leem esse texto, irão me caçoar, e eu respeito perfeitamente. Mas, e sempre tem um mas no vício da linguagem comum, afirmo respeitosamente que Cajazeiras é melhor que o Rio de Janeiro. E por que Cajazeiras é melhor que o Rio de Janeiro? Há uma explicação, digamos, sociológica, romântica, ou sei lá o quê, que em sua profundidade significa que o sentimento de naturalidade de cada um de nós é umbilical. É o sentimento de sua vida em seu local de origem que ninguém esquece. Posso rodar o mundo inteiro, mas nunca vou perder a razão primária dos paralelepípedos de Cajazeiras, dos clubes, dos botecos, das praças, das amizades impregnados poeticamente em minha alma. É o afeto que transpõe até mesmo os cafés parisienses. Na minha ótica, a vivência de infância e juventude são suficientes para instigar seu torrão natal como a melhor cidade do mundo. Estou sendo banal, sei disso, mas são as trilhas da emoção que conduzem a essa sensação. Nada superará a comoção prazerosa de seu berço. Velhinho, gagá, sempre vamos lembrar de nossas origens. Sei que isso é pueril, emotivo, piegas, mas é a pura verdade de quem bebeu a água do Açude Grande, onde está o Leblon de cada um nós. O amor por nossa cidade natal nos transcende. Viva o Rio de Janeiro, viva qualquer cidade, viva Paris, viva Quixeramobim, viva Cajazeiras!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Publicações relacionadas
CLIQUE E LEIA

Gratidão

Faz das tuas mãos conforto para o perigo; procura ser a ponte diante de uma tempestade, pois o…
Total
1
Share