Que vá 2015, que venha 2016

Chega-se ao fim de mais um ano, o de 2015, e com coisa novas e nem tanto, nossa civilização tem uns 10.000 anos… mas como um rito de passagem, pois na nossa existência por mais que a gente tente criar fatos artificiais, somente existem dois momentos determinantes: o nascimento e a morte, mas a gente cria uns ritos de passagem, que não tem mudanças enormes, pois quando a gente completa ano (o aniversário) entre a véspera e o dia seguinte nós nunca notamos mudança alguma, a velhice demora uns trinta, quarenta anos para se manifestar, e do mesmo modo acontece entre um ano e outro, e eu comecei a compreender isso há uns 15 anos, quando a gente atravessou o milênio, e eu continuei exatamente do mesmo modo, com minhas qualidades (poucas) e meus defeitos (muitos), assim, e pode ser por causa do passar dos anos, deixei de esperar grandes coisas nessas datas (em 2000 o mundo nem acabou nem o então temido “bug”do milênio, aconteceu); e assim se vai desse ano para o outro.

Houve a crise, que antes acompanhei outras muito mais graves; a inflação chegou a 10% (dois dígitos), era o dobro em um mês, aquilo tudo sob a batuta de um nosso conhecido (a criatura nossa) Mailson da Nóbrega, que nesse terremoto a que estávamos acostumados, dizia para não fazermos marola, enquanto o tsunami levava nossas economias. Essa crise pode (e deve) ter sido potencializada pelos meios de comunicação (a Globo News num programa de fim de ano veiculou que não tivemos sequer uma notícia boa, como se as reservas do Banco Central tivessem acabado, e o Brasil tivesse que pedir empréstimo ao FMI – aí era crise).

A crise que realmente estamos passando é muito mais de natureza moral; o país descobriu que a corrupção está fora do controle, e sabe quem é corrupto? A gente, eu e você, caro leitor, que convive nesse mar de lama, hoje acrescido da do Rio doce, desde que nascemos. Quando eu era menor, meu grande sonho era entrar em filmes “para adultos”, ou seja, arrumar uma forma de burlar o sistema para entrar naquele cinema (o Cine Éden – com Zezé Barbeiro que ia no cartório saber de nossa idade) e ver o filme proibido, quando eu conseguia, eu entrava em um verdadeiro êxtase, hoje tenho a perfeita noção que deve existir uma idade para ver cenas de sexo (naquele tempo era um peito, uma bunda à mostra), que hoje se banalizou e as nossas jovens, principalmente as mais pobres começam suas vidas sexuais (e infelizmente por vezes engravidando) mais cedo. Outro tipo de filme que fazia parte do cardápio dos proibidos eram os de violência. Hoje com a banalização até desses jogos eletrônicos, os meninos ficam acostumados a esse costume, digamos não desejado, o resultado é que querem praticar crimes enquanto são menores, e a estatística vai acompanhando. O Brasil é o país com índices de violência mais altos dos países sem guerras internas, resultado que se formou no tempo que eu delirava com, por exemplo, Ringo e “O dólar furado”, aqueles westerns que a gente às vezes pulava o muro do cinema para assistir.; ali, caro leitor, está de certo modo o gênese de algumas de nossas mazelas.

Temos que refletir, o Pais da Corrupção começa dentro da gente, assim, como para a maioria dos mulçumanos ( não aqueles terroristas criminosos) a Guerra Santa, a Jihad, a primeira pessoa que tem que ser convertida é a gente mesmo. Os Petrolões, os mensalões e todo esse arcabouço corruptocrático que corrói nosso país, começa dentro de nós, é muito maior, mais arraigado em nossas consciências.

Se mudarmos, alguma coisa em 2016, já seria um rito de passagem extraordinário.

Feliz ano novo e vamos enfrentar a chatice de novas eleições, daqui até outubro, meus (nossos) ouvidos vão sofrer, não vai ter outro assunto.

Boa sorte para todo mundo. Paz saúde e felicidade!!!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Publicações relacionadas
CLIQUE E LEIA

A rejeição política

O mundo social é por natureza pluralista. Nele observamos conflitos, divergências, antagonismos, pontos de vista diversificados. É preciso…
CLIQUE E LEIA

Velho amigo

Querido Açude Grande, venho aqui, novamente, cheia de vírgulas, chorar minhas pitangas ou minhas cajaranas. Nem sei se…
Total
0
Share