O que tenho para lhes dizer

Muitos se têm queixado de que os “acordos” ortográficos surgem, de quando em vez, com o objetivo de dificultar a aprendizagem da Língua Portuguesa, e uns poucos, de forma absolutamente desinformada, falam até de que o atual acordo viria a beneficiar apenas as editoras de livros didáticos. E haja paciência para entender esses desentendidos!…

É necessário que lhes diga que tais acordos visam, tão só e unicamente, ressaltar o prestígio internacional de nossa sofrida língua portuguesa, uma vez que, falada em quatro Continentes – Europa, América do Sul, alguns países da África e até da Ásia – fazia-se necessário, em termos de universalização, tentar padronizá-la, aumentando-lhe o prestígio linguístico. Assim é que Portugal, Brasil, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e, mais recentemente (2004), parte do Timor Leste, países lusófonos, vêm, aos poucos, incorporando as recentes reformas ditadas pelo Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

Também, é necessário dizer-se que outras tentativas de unificação vêm sendo feitas desde o início do século XX: em 1940, acordo estabelecido por Portugal e em 1943, pelo Brasil.  Para os estudiosos, há que se falar também da importante reforma da nomenclatura de língua portuguesa, a NGB (Nomenclatura Gramatical Brasileira) por nós adotada desde o ano de 1959.  O atual acordo já vinha sendo embrionado desde 1970, quando foi criada uma comissão com a finalidade especial de lhe traçar os parâmetros de alteração.

O fato é que, definidos esses parâmetros em 1990, somente em 2008 eles foram finalmente aprovados, estabelecendo-se a data de 1° de janeiro de 2009 para a sua entrada em vigor, porém, ainda, dando-se-lhes um prazo de carência de quatro anos para vigorar em definitivo. Embora as editoras tivessem assumido o compromisso e a responsabilidade de, a partir daí (2009), já adotarem a impressão gráfica dos seus livros dentro dos novos padrões, houve-se por bem se acatar a carência de quatro anos a fim de que a comunidade assumisse de vez as suas “responsabilidades gráficas”. No entanto, o que se viu foi um novo pedido, por parte do governo brasileiro, de protelação por mais três anos, para que, nos dizeres das “autoridades” políticas, “o povo se acostumasse com as novas regras”. Ora, vejam só!… São coisas do Brasil, onde existem as tais “regras que pegam” e “regras que não pegam”.

Mas, como se diz na gíria, agora “não há choro nem vela”. O “negócio” tem que ser cumprido, oficial e obrigatoriamente, a partir de 1º de janeiro de 2016. Só esperamos que, ao lado de crises de natureza política, econômica, social, ética, etc., não surja mais uma: a de natureza cultural. Do contrário, “ficaremos a ver navios” diante dos nossos irmãos portugueses para quem “As leis foram feitas para serem cumpridas”.

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