O Colégio Nossa Senhora de Lourdes ontem e hoje

Quando eu era criança, minha família tinha o costume de frequentar a missa dominical na capela do Colégio Nossa Senhora de Lourdes, à época administrado pelas Irmãs Dorotéias. Era interessante; as duas ou três filas da capela eram ocupadas pelas freiras da ordem. Haviam pelo menos duas freiras que eu me lembro muito bem, uma era a Irmã Dorado, portuguesa, que era amiga de minha mãe, e simbolizava os antigos valores que a gente já naquela época achava superados, e outra era a Madre Montenegro, que era muito de uma beleza e simpatia impressionantes.

Quando eu era bem pequeno mesmo, como qualquer criança é naturalmente irrequieta, enquanto meus pais assistiam a liturgia semanal, eu ficava perambulando num jardim que ficava entre a capela e o colégio, eu nesse passeio alternativo (naqueles tempos os sermões já eram entediantes para uma criança), e deparei-me com uma cobra no jardim. Voltei para a capela, e disse para meus pais, e a missa foi interrompida para que se matasse o ofídio, uma cobra verde, no lugar errado na hora errada.

Minha avó, D. Cartuxinha, com dificuldade de locomoção, fazia enorme sacrifício para assistir à missa, e de tão religiosa que era, teve que vir o bispo Diocesano, para não liberar, mas proibir minha avó de frequentar à missa na capela, que a transmitida pelo rádio “vogava”.

Minha irmã, bem como todas as moças da época, terminavam o “pedagógico” naquele colégio, que formou por mais de 50 anos nossas professoras; tive a oportunidade de as, algumas, cito a Irmã Nirvanda irmã de Dr. Epitácio Leite, adentrou para a ordem e não era uma exceção muitas de nossas jovens, durante todo o tempo em que aqui o colégio funcionou, decidiram entrar para a ordem.

Assim que formado, retornei a Cajazeiras, as Dorotéias, estavam de mudança, alegando não mais possuir quadros para tocar o colégio, e as irmãs daqui estavam sendo transferidas para o Colégio São José em Recife. Na missa de ano de falecimento de minha mãe, ainda tive o prazer de discutir com Irmã Dorado, e fazer gozação com sua religiosidade do tempo da “Beata Paula Franssineti”, Irmã Montenegro somente tive notícias dela quando de uma leitura da Revista Veja, que a citava em Pernambuco ajudando uma prostituta… a se prostituir – “minha filha, tire essa sujeira de seu quarto pelo menos”, bem ao seu estilo, bem moderna, que mesmo através daquele hábito pesadíssimo, a gente conseguia imaginar suas formosuras físicas (diziam que era muito bem feita).

Quando essas religiosas se foram, após um lapso de tempo em que o Colégio Nossa Senhora de Lourdes ficou sob a gestão da Diocese, vieram, segundo disse em seu discurso de chegada a diretora da nova ordem religiosa, por conta das insistências do então bispo Dom Zacarias, As IRMÃS ESCOLARES DE NOSSA SENHORA, ordem do sul do país, que como que deu uma nova dinâmica para o velho, (o Padre Rolim ensinou nesse lugar), e rapidamente o Colégio se firmou no antigo lugar de destaque.

A primeira impressão que eu tive dessa nova administração, foi negativa; quando do falecimento de meu pai, Dr. Waldemar Pires, eu o queria velar na capela em que ele frequentava, mas a nova diretora não deu licença, e eu imediatamente transferi minha filha caçula Marina para D. Carmelita, que fez questão de levar todo o seu Colégio para o velório na Câmara dos Vereadores. São os problemas de morrer velho, papai que era o médico do Colégio no tempo das Dorotéias. Não estava em atividade depois que o colégio foi assumido pela nova ordem religiosa.

Então quando eu, por intermédio de Padre Gervásio Fernandes, redescobri minha religiosidade; “A Igreja Precisa de você o tanto ou mais que você precisa dela”, eu procurei uma missa adequada para assisti-la, e por coincidência, havia uma às sextas feiras, às 6.00 da manhã, na capela do Colégio Nossa senhora de Lourdes.  O celebrante era uma dos membros do nosso clero que admiro Pe. Agripino, e comecei a entrar em contato uma por uma, as quatro irmãs dessa ordem; a primeira foi Irmã Ivone, uma simpática baixinha, super esforçada, que depois de passar o dia tomando conta do Colégio, à noite encontra tempo para cursar a faculdade, depois vieram as Irmãs Regina, Tatiana e Nivalda (posso ter errado algum nome ou letra), igualmente adoráveis, que, parece que com ajuda divina conseguem comandar o Colégio Nossa Senhora De Lourdes, e e reforma-lo do jeito que o colégio merece.

Quando do batizado de meus filhos, que na minha concepção somente deveriam ser batizados quando e na religião que escolhessem, tiveram que pedir ao Bispo para serem batizados perto da casa dos trinta anos, essas, além de ajudarem na “catequese”, ainda entregaram umas lembrancinha aos meus rebentos que acabavam de ingressar na Santa Madre Igreja.

Tudo isso marca e comove…

Imagino o que nossa cidade não deve a essas simpáticas religiosas, que estão a formar nossas novas gerações, elas também essas merecem formar, ao lado de D. Vitória Bezerra (a conheci com 90 anos), Carmelita Gonçalves, Zefinha Ricarte, e tantas outras grandes mulheres do ensino, responsáveis pela fama que nossa cidade goza do campo da educação de jovens.

Fica meu registro.

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