A paranoia do comunismo

O discurso político do anticomunismo foi amplificado no período da Guerra Fria, embora já existisse desde o século XIX. Pautou a instalação do Estado Novo no Brasil e continua sendo utilizado nos tempos atuais pela extrema direita, em muitos países do mundo. São bordões que permanecem sendo utilizados de forma delirante pelos que insistem em atacar os regimes democráticos. É um fenômeno de origem fascista e reacionário, alimentando uma disputa política que provoca reações violentas e um ambiente de beligerância na sociedade.

A distorção da realidade contemporânea produz uma manifestação política irracional, desenvolvida pela paranoia anticomunista, apresentando o risco da ameaça vermelha e o fim da propriedade privada. Acusam de que está em curso uma estratégia para destruir as famílias, a moral e os bons costumes. É o que podemos chamar de “falso moralismo”. Corações e mentes são mobilizados para aceitar as falsas verdades por eles divulgadas, difundindo o medo e o terror para alcance do poder. Governantes tiranos usam o medo para dar execução a um projeto de poder, colocando em prática uma dominação violenta sobre o seu povo.

Os anticomunistas estão divididos em dois grupos: os que criam e propagam as mentiras e os que consomem e acreditam nelas. Direitos humanos, civis e trabalhistas e a luta contra as desigualdades sociais são classificados como “coisas de comunista”. Ignoram, propositadamente, de que esse é um fantasma distante da nossa realidade, um inimigo invisível. Chamar alguém de comunista virou para alguns um xingamento, ainda que não saibam, sequer, explicar o que seja “ser comunista”. Basta pensar diferente dos que abraçam a ideologia da direita, para que assim seja classificado. Enxergam comunistas em todos os lugares, escolas, igrejas, imprensa, movimentos culturais. E estimulam reações iradas contra quem estiver no campo oposto ao seu pensamento político.

Uma grande rede de fake news é construída e sustentada com o objetivo de espalhar informações absurdas que fogem à compreensão civilizada das pessoas e as tornando multiplicadoras de ódio. Propagandas massivas e repetidas fazem com que os extremistas de direita as utilizem como armas político-ideológicas. Atacam a ciência, a cultura, as artes, a literatura, as universidades públicas, os ambientalistas, porque desejam que sejamos uma sociedade inculta e sem consciência crítica. Na retórica do anticomunismo levantam bandeiras que pedem a volta da ditadura militar. Tornou-se comum ver nas mobilizações populares da extrema da direita, faixas como: “a nossa bandeira jamais será vermelha” ou “intervenção militar já”. É perceptível a intenção de ganhar a adesão dos que nunca tiveram a curiosidade de estudar realmente o que seria o comunismo. Se aproveitam da ignorância política de boa parte da população, para influenciá-la na visão equivocada do comportamento político dos que se manifestam em posturas adversas à direita. O delírio, até certo ponto, risível, não merece ser considerado como algo sensato. Antes que me venham acusar, apresso-me em dizer que não sou comunista, nem jamais pretendi ser. Rejeito posições ideológicas de extrema, seja de direita ou de esquerda. Quando sou assim xingado, dou risadas, porque substituo a agressão verbal pelo significado de “social democrata”. Em tempo, não sou filiado ao PSDB, nem a partido algum. Mas, como cidadão, penso e exercito o “fazer politica”.

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