O casarão de Vicente Barreto

Revendo meus álbuns de fotografias e remoendo a minha memória afetiva, vieram-me à lembrança aqueles três velhos casarões da rua Victor Jurema e que serviam de residência a três nobres e tradicionais família cajazeirenses: Tota Assis, Vicente Barreto e Otacílio Jurema. Nos anos 40/50, pareciam distantes do centro da cidade. Dizíamos que ficavam lá paras bandas do Hospital, por detrás da Clayton ou da casa de Dr. Fernando.

Hoje, duas delas continuam no mesmo local, na Av. Victor Jurema, mas dizemos agora que ficam no centro da cidade, por trás da Escola N.S. do Carmo, de Carmelita Gonçalves. Falei duas delas, porque uma a infeliz da especulação imobiliária a fez vir a baixo, dando lugar a uma Casa Funerária, exatamente aquela que pertencia ao meu padrinho Tota Assis, sua companheira e os seus filhos, uma prole de amigos meus, de infância e adolescência.

As outras duas vão se mantendo de pé, apesar dos percalços – como um criminoso incêndio, segundo ouvi dizer – no caso da antiga residência de Vicente Barreto, e a outra, onde Dr. Otacílio vivia na solidão íntima de seus amados cães. Depois do seu falecimento, esta se manteve imponente até a morte do seu caseiro, o conhecido Queixo Fino. Hoje, ambas estão entregues ao seu próprio destino.

Estas lembranças me trazem à tona a ilustre família de Vicente Barreto de Souza e sua consorte Maria de Lourdes Guimarães Barreto. Após comemorarem as Bodas de Ouro, no ano de 1975, ele faleceu aos 93 anos, e ela, aos 95, portanto foram cidadãos longevos, que não transmitiram essa capacidade a todos os seus filhos, muitos dos quais já não estão entre nós.

Foram treze filhos, três não passaram da primeira infância. Quanto aos dez restantes, vou nomeá-los no sentido de que os nossos conterrâneos e contemporâneos deles se recordem e sejam também bafejados pela saudade: José (Dedé), Francisco, Jesus, Maria do Carmo (Carminha), João Bosco (o Senador), Maria de Lourdes (de Lourdes), Luís Gonzaga, João Batista (o Caveirinha), Vicente de Paula (Vivi) e Maria Júlia (Julinha).

O pai, Vicente Barreto, era agropecuarista e, como Romualdo Rolim, cultivava o hábito e o poder de acumular terras e propriedades, como Penha, Barro Branco, Mata Fresca, Canto do Feijão, Gato Preto, Trapiá, Lajes, além do sítio Jacó.

Foi possuidor de cerca de 7.000 tarefas de terras, distribuídas entre Cajazeiras, Santa Helena e Bom Jesus. Merecedor que foi/é de nossas homenagens, o patriarca tem hoje o seu nome ligado ao açude Lagoa do Arroz, que recebeu o seu nome, em propositura apresentada à Assembleia Legislativa da Paraíba pelo nosso amigo, ex-deputado Vituriano de Abreu.

Nas ilustrações da Coluna, temos (1) a mansão da família, hoje já deteriorada pela ação do tempo e pela maldade do homem. (2) Encontro de confraternização de alguns familiares com outros amigos, por volta dos anos 50. Vêm, nesta última, entre outros, Luís, Jesus, Vicente, João Batista e Bosco Barreto com os amigos Edgley e Reginaldo Maciel. Quanto aos demais, transfiro aos leitores a missão de identificá-los.

1 comentário
  1. Oi! Meu nome é Paula Barreto, acabei de achar o post. Vicente é o meu bisavô, Francisco era seu filho, que teve outro filho chamado Francisco e hoje estamos no Rio de Janeiro. Muito legal a recordação, não conhecia essa história da família. Obrigada!!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Publicações relacionadas
CLIQUE E LEIA

Carta ao Haddad

Bom dia, Fernando. Desculpe a intimidade, mas aprendi, ao longo de uma belíssima jornada da campanha eleitoral, a…
Total
0
Share