O grande livro de José Américo

José Américo de Almeida escreveu muitos livros. Que o diga José Mota, confrade do IHGP, colecionador-mor. Cedo, aos 21 anos, voltou do Recife graduado em Ciências Jurídicas e Sociais. Passou a escrever textos técnicos como advogado, promotor público e procurador geral do estado. Neste caso, nomeado em 1911 por João Machado, irmão de Álvaro, ainda o grande chefe da política paraibana. Antes, no Seminário, em convívio com centenas de colegas, Zé Américo ouvia o que todos escutavam. Mas só ele conseguia ver bem!

Publicava artigos em jornais e revistas.

Até arriscou incursão ficcional com a novela Reflexões de uma cabra (1922), quando já preparava a “encomenda”, feita por Solon de Lucena, que resultou n’A Paraíba e seus problemas, talvez, sua obra fundamental. Mais tarde, quando o moço de Areia já se tornara famoso na política, na literatura, eu ainda adolescente li aquele livro, sem perceber a significação intrínseca nem sua relevância para a projeção do autor.

O homem eu vira à distância em Cajazeiras.

Ele no palanque, eu na multidão atenta às frases curtas, bem construídas. Meus ouvidos, porém, já estavam habituados às tiradas emocionais, repetidas por meu pai. Dizem que arquiteto planos mirabolantes, que não posso realizá-los… brasileiros, eu sei onde está o dinheiro. Cristiano Cartaxo descrevia o cenário onde se dera a fala do candidato à presidência da República, em 1937. E exaltava a inteligência de quem ditava para três secretárias, ao mesmo tempo, textos sobre assuntos diferentes! Verdade ou lenda, inflava-se de orgulho o velho poeta cajazeirense: somos do mesmo ano, 1887, e aduzia, Zé Américo é tio afim de Ivan, seu primo, casado com Mirtes de Almeida.

Só mais tarde o conheci de perto, em 1974, já transformado em oráculo, na bucólica casa de Tambaú. Fui morar em João Pessoa, convocado por Ivan para coordenar a equipe responsável pela elaboração de seu plano de governo. Uma manhã cheguei a seu refúgio na companhia do futuro vice-governador, Dorgival Terceiro Neto. Conhece o Ministro? Só de longe, respondi. Ah, você vai se encantar. Nada disse. Apenas estranhei um perré falar daquele jeito…

Terceiro Neto acertara tudo com Lourdinha.

Embora já tendo cursado a CEPAL, trabalhado dez anos na Sudene e no BNB entrei na sala feito um menino. Ouvi sutis conselhos, surpreso pelo tom coloquial, o jeito cativante. Disfarcei o nervosismo ao expor as linhas gerais do trabalho, cujo objetivo central era elaborar o plano do governo de seu afilhado político. Em quatro anos, retornei lá mais duas vezes, uma para entregar-lhe, impresso, o PLANAG – Plano de Ação do Governo 1976-79.

E o livro? Fica para depois.

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