Milton Nascimento

A travessia de 60 anos pela música popular brasileira mantendo a qualidade de melodia e letra, de fácil assimilação, sem descambar para apelações, foi o que o cantor/compositor Milton Nascimento construiu. Agora ele retira o boné e pede aposentadoria de shows.

Seu trabalho firmemente enraizado em Minas incorpora a alma brasileira. Sorver sua música é como se estivéssemos num clube de esquina com os amigos bebendo uma cervejinha celebrando a amizade debaixo de sete chaves.

Seu instrumento de trabalho, a voz, inconfundível, é modelo vocal abençoado pela natureza. No caleidoscópio de suas criações, escolher uma de suas obras como preferida é dilema deleitável. Fico com Minas, de 1975 e Geraes de 1976. Sem esquecer igualmente Milagre dos Peixes de 1973. Até hoje tenho os vinis. A harmonia das melodias de Milagre dos Peixes é coisa de pesquisador.

O título de certas canções, por si só, já é poético. Como, por exemplo, Ponta de Areia; Caçador de Mim; Cio da Terra… Indiscutível que Maria, Maria se tornou um hino à força da mulher, e Coração de Estudante à juventude.

O que mantém sua música viva é sua vitalidade criativa ao longo desses sessenta anos. Essas são assertivas comuns à obra do introspectivo Milton Nascimento, porque a sofisticação de sua criação está exatamente tornar acessível sua sensibilidade artística para todos. Com a aposentadoria do mineiro carioca, nada será como antes na MPB.

Em tempo. Escrevi esse texto em homenagem à minha esposa Maurinete, que sempre foi apaixonada pela obra de Milton Nascimento.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Publicações relacionadas
CLIQUE E LEIA

Quem tem medo do golpe?

Como alternativa derradeira o presidente intensifica o seu discurso golpista. E o faz sem qualquer constrangimento, buscando transmitir…
CLIQUE E LEIA

Vendedores de manga

As mangueiras recebem folhas e flores novas. Vingas de frutos já surgem em quintais, ruas, praças e parques,…
Total
0
Share