Quem tem medo do golpe?

Como alternativa derradeira o presidente intensifica o seu discurso golpista. E o faz sem qualquer constrangimento, buscando transmitir aos seus seguidores um clima de confiança nas suas intenções de golpear a democracia brasileira. Chega a ser risível declarar que “se as urnas não apontarem um percentual em torno de sessenta por cento dos votos a seu favor no primeiro turno, é porque algo de estranho aconteceu no TSE”. Ele sabe que as probabilidades de que seja derrotado ainda no dia dois de outubro, sem direito a disputar o segundo turno, são muito grandes. Então só lhe resta insuflar os trinta por cento de eleitores que ainda o acompanham a reagirem contra o resultado que as urnas apresentarão.

Permanece com a estratégia de criar um ambiente de não reconhecimento da derrota para promover perturbações que pudessem justificar ações das forças militares contra as instituições democráticas. Já está mais do que comprovado que tudo isso não passa de um delírio golpista. A retórica da intimidação já não amedronta, porque visivelmente enfraquecida.

O perigo de colapso da democracia brasileira inexiste. Portanto, já se percebe que o medo do golpe se transformou no golpe do medo. Mas sem qualquer resultado prático. Que o digam as pesquisas quando apontam uma rejeição a esse projeto político superando os cinquenta por cento da população. As ameaças são desconsideradas por falta de credibilidade. O leão que está rugindo, não tem dentes.

A elite econômica já deu sinais de que a perturbação institucional não faz parte do seu modelo de negócios. Diferentemente do que aconteceu em 1964, os EUA não se mostram interessados em influenciar no processo eleitoral do Brasil neste ano. As Forças Armadas brasileiras, embora envolvidas, como nunca antes, na máquina da administração pública, não embarcariam nessa aventura golpista. Vivendo no isolamento político, não há como viabilizar o plano de contestar uma eventual derrota. Não haverá tolerância para a tentativa do golpe de perdedor. Não conseguirá vencer a desvantagem eleitoral pela imposição do medo. Cão que ladra, não morde.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Publicações relacionadas
Total
0
Share