João Rolim da Cunha nos deixou no dia 24 de janeiro de 2013, às vésperas de completar 99 anos. Na semana seguinte, sua esposa, Detinha Leitão da Cunha, seguiu o mesmo caminho. Nascido no sítio Papamel, em 12 de maio 1914, ele percorreu muitos caminhos, com passagem pelo Exército longe do Nordeste, para depois voltar à Paraíba. Especialista em contabilidade prestou serviços profissionais a importantes firmas sertanejas, fez-se funcionário público federal, por concurso do DASP, vinculando-se ao Ministério da Fazenda, em cujas repartições ele serviu, desde as antigas Mesas de Rendas até aposentar-se como auditor fiscal do Tesouro Nacional. João Rolim ficará na história menos pelas aventuras vividas ou pelo desempenho profissional e mais pelo legado dos seus escritos. Aliás, escritor quase por acaso, incentivado que foi por Deusdedit Leitão, seu cunhado. Ele próprio faz esta revelação em seu livro de memórias:
“Em 1994, recebi a visita do professor Deusdedit Leitão, acompanhado de sua esposa dona Maria José César; trazia em suas mãos uma escarcela com quinhentas e dezesseis notas pesquisadas por ele, um verdadeiro relicário. Ao cumprimentar-me, foi me entregando aquela escarcela, dizendo: – Faça-se meu herdeiro. Ali estavam 516 anotações datilografadas, numeradas em sequência, “todas referentes a nossa estremecida Cajazeiras, seu começo, sua gente, sua beleza e sua cultura”, como ele registra no livro “Caminhos por onde andei”, publicado em 2006 pela Editora Universitária da UFPB. Do acervo herdado de Deusdedit nasceu o “Barra da Timbaúba (Ensaio genealógico)”, livro que reúne uma gama de dados e informações, hoje fonte de consulta obrigatória para quem se interessa pela história de Cajazeiras. A partir daí, João Rolim da Cunha tomou gosto. Cheio de entusiasmo escreveu “São José de Piranhas – Apontamentos para sua história”, em homenagem à cidade onde viveu seus anos de recém-casado e que lhe deu os primeiros dos seus sete filhos.
“Colégio Nossa Senhora de Lourdes – Cajazeiras” é outro trabalho de pesquisa que resgata o passado daquele histórico educandário de formação de professores, consubstanciado, entre outros aspectos, na listagem de todas as professoras diplomadas, desde a primeira turma de 1922 até 1999. Além disso, o livro contém documentos, informações e comentários de grande utilidade para manter viva e acessível um pedaço fundamental da história do ensino, relevante não apenas para Cajazeiras, mas para vasta região do interior do Nordeste, tal era a afluência de estudantes de outros lugares em busca do saber ministrado no respeitável estabelecimento educacional, ainda hoje exercendo forte e positiva interferência na formação de nossa gente. O estudo foi publicado pela União Editora em 2000.
Além dos livros aqui citados, João Rolim da Cunha escreveu artigos para jornais, a exemplo do Gazeta do Alto Piranhas, e revistas, como a do Instituto Histórico e Geográfico da Paraíba. É esse legado de escritor quase por acaso que ficará para a posteridade, como fonte de informação complementar, incluindo os registros de suas andanças pelos caminhos da memória, a espalhar impressões acerca de pessoas, empresas, órgãos públicos, situações e episódios narrados com a simplicidade de um conterrâneo do sítio Papamel, hoje em processo de incorporação ao perímetro urbano de Cajazeiras.