Fotografias: o ontem e o hoje

Há coisas que nos sensibilizam e emocionam mais do que outras, porque nos trazem de volta a memória afetiva de um passado presente. Se os meus sentimentos não são suficientes para emocionar os meus leitores, que, pelo menos, estes busquem, dentro de si mesmos, as mais caras lembranças de sua juventude, porque o tempo é implacável e não espera por ninguém, e vamos passando por ele ainda desfrutando as oportunidades de olhar para trás.

Tais considerações vêm em função dos processos de evolução do “milagre” chamado de fotografia. Nós, que vivemos e cultivamos intensamente os anos 40/50, tivemos que nos modernizar a partir daí, mas não temos como deixar de lado as lembranças daquelas eras. “Eram outros tempos”, costumam dizer hoje, mas não há como negar que são boas e perenes algumas lembranças que de lá trazemos para cá.

Sim! Estamos na época dos computadores, mas não há como esquecer os tempos em que os tradicionais “fotógrafos de feira”, os lambe-lambe, com suas enormes máquinas-caixão “vuco-vuco”, operavam em plena feita livre, na Praça Coração de Jesus, as necessárias fotos 4×3 para documentos, cujas imagens mais se assemelhavam a pessoas “já mortas”. Os resultados eram horríveis mais necessários.

Depois é que começaram a surgir os fotógrafos ditos profissionais e que marcaram época em Cajazeiras. Assim é que me vem à memória, dentre outros, Nogueirinha, cujo “estúdio” estava situado no início da Rua Pe. José Tomaz. Ali era feito um trabalho fotográfico que enaltecia o seu talento.

Quem, daqueles tempos, não tinha vaidade de ter um “retrato” feito por ele? Depois, foram surgindo outros: Felisberto, com seu ateliê instalado no início da Rua Tenente Sabino (hoje Calçadão); quase no mesmo local, tempos depois, aparecia Sebastião Soares, o da Galeria Pio XII que, como eu e Saturnino, aderiu ao modismo da Vespa; também, na Rua Pe. José Tomaz, apareceu Cícero Batista, misto de fotógrafo e especialista na venda dos tão requisitados Long-Plays. Era ele quem nos apresentava as novidades e os recentes lançamentos musicais; foi substituído, na atividade profissional, por Iraildes que, durante certo tempo, deu prosseguimento àquela  atividade.

Dando um pulo no tempo, hoje temos Cavalcanti, exímio profissional que presta relevantes serviços à sociedade e aos meios de comunicação locais e de alhures. Não há como não mencionar os amantes da fotografia: Leopoldo (Borracha) que ainda conserva um bom arquivo fotográfico de outras épocas e em que “bebi” parte do meu acervo. Juntamente com Aguinaldo Rolim e o Prof. José Antônio, Leopoldo ajuda a conservar um patrimônio fotográfico indelével. Certamente, são fontes visuais a servir para os historiadores da nossa cidade. Mas, como disse acima, “os tempos são outros”.

Hoje, o modernismo deixou para trás as famosas máquinas Yashica – tipo caixão – (creio que esta foi a primeira máquina de Zé Antônio); as Agfa Color, a primeira que eu possuí, sem esquecer as “passageiras” polaroids (aquelas que preparavam a fotografia no mesmo momento da operação fotográfica). Hoje esse passado cedeu seu espaço para o sonho de consumo, a internet, cujas ferramentas são dominadas por qualquer criança.

Estamos na época dos smartphones, smart cards, Ipod, Ipad, boot, book (os tais portfólios), instagram, pen-drive, drive, GPS, facebook, watzap, tablets e similares. Esses instrumentos produzem tudo na mesma hora, porém, com a pressa com que chegam também vão embora. É justamente por isso que eu cultivo, ainda, a fotografia em papel, a fim de que possa, a qualquer momento, contemplá-la e com ela voltar a tempos que me deixaram imensas saudades.

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