Educar para a mudança

Com frequência a cena se repete em várias ruas da cidade. Motoristas freando seus veículos nas faixas pontilhadas dando preferência aos pedestres. Pedestres também estão mais disciplinados e procuram cruzar as ruas nos locais previamente estabelecidos, aliviando o caos que é o transitar de veículos, motos e pessoas, sobretudo, em momentos e em dias de maior movimento.

Esta cena, que cotidianamente se repete, sobretudo, nas ruas centrais da cidade de Cajazeiras, seria inimaginável há alguns anos atrás. Hoje, ela é possível graças a força que o processo educativo exerce sobre os indivíduos, forjando hábitos, transformando conceitos e definindo atitudes. É óbvio que muitos motoristas ainda avançam sobre a faixa de pedestre. Outros tantos avançam sinal vermelho, estacionam em áreas proibidas. Pedestres ainda arriscam a vida ziguezagueando entre carros e motos.

Mas, nos últimos anos, sobretudo, com a criação de um organismo municipal para o disciplinamento do trânsito, as mudanças começam a ser ensaiadas. Não apenas com o policiamento mais ostensivo, mas, sobretudo, com a disposição de equipamentos, como semáforos, faixas para pedestres, áreas próprias para estacionamento de carros e motos, sinalização. E as pessoas, independente de qual posição ocupem momentaneamente, se motoristas ou pedestres, vão incutindo novos procederes e incorporando novas regras de urbanidade.

Essa mudança que a educação para a urbanidade e a civilidade vem desencadeando revela como é possível transformar mentalidades e possibilitar novos códigos de vivência. E deixa também transparecer como é possível transformar outras áreas da vida. O início, por exemplo, de um intensivo processo de educação para o trato e o cuidado com o lixo, através da implantação de um esquema de coleta seletiva, de reciclagem de materiais, da conversão dos resíduos em material reciclável e em adubos orgânicos, poderá desencadear mudanças na estrutura de vida da população, através da geração de emprego e renda para um considerável contingente populacional, na relação do homem com o meio ambiente, com a redução dos lixos e aterros sanitários e com a diminuição da devastação de natureza, de poluição de rios, riachos, lençóis freáticos. Mudanças que, insistentemente estimuladas, irão alterar comportamentos, mudar mentalidades e criar novos hábitos que forjarão as gerações futuras, que crescerão vendo o mundo por outras perspectivas.

Reconhecemos que, como toda mudança, são necessárias duas condições: tempo e persistência. Mas, dar o primeiro passo é sempre imperativo e, com certeza, esta deve ser uma iniciativa do poder público que, investido de seu poder de polícia, pode aplicar sanções aos infratores, exigir obediência as normas estabelecidas, disciplinar procederes e organizar espaços. Que tal tentar. Os resultados, com certeza, serão alvissareiros.

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