De volta do inferno

De repente, as portas se fecharam e eu permaneci seis longos meses internado como dependente químico numa clínica para reabilitação em Juazeiro do Norte por seis meses em regime de total confinamento e sem receber qualquer informação tanto do mundo externo, quanto sem poder transmitir qualquer informação para o mundo.

Isso porque invadiram minha casa e me retiveram em cárcere privado por um mês e meio, sem que ninguém de minha família soubesse onde e como eu estava. Depois eu tive que pagar a estadia e as drogas que foram usadas nesse período como se eu tivesse a alternativa de dizer que não queria.

Era uma coisa que eu nunca supus que pudesse acontecer na nossa cidade e região, algo completamente inusitado, e olhem: eu tenho bastante experiência com coisas fora do normal.

Tive que vender um imóvel e pagar a estadia como se eu tivesse me internado em um hotel de alto padrão. Somente quando meu advogado conseguiu convencer minha família da gravidade dessa situação e que essa ia se agravando com o tempo (a conta aumentando), é que eu fui libertado, depois de pagar uma soma vultosa aos meus captores.

Então nós fizemos a única e óbvia conclusão: como essa operação criminosa deu certo, assim que algum grupo criminoso precisar de dinheiro, iria me pegar e repetir a mesma operação para se capitalizar às custas do meu combalido patrimônio, então o que eu fiz, ou melhor, o que fizeram comigo: me interditaram e me tiraram de Cajazeiras.

E como eu passei mais de um mês usando drogas, mesmo contra a vontade, eu pedi para me tirarem de Cajazeiras, já que eu via um sequestrador em todos os lugares.

Então me levaram para Juazeiro do Norte, em que eu queria um lugar para me albergar, mas minha família optou por me internar numa clínica de reabilitação para dependentes químicos, em que o tratamento é de seis meses.

E eu pensava que poderia fazer o “home office”, mas nessa clínica o regime é de confinamento total por seis meses. E me tomaram o notebook e eu passei um mês sem contato nenhum com o mundo externo e depois, somente depois, poderia receber uma visita por mês da família e dois telefonemas da família ou de pessoas autorizadas por ela família às quartas e aos sábados.

Assim, eu somente agora pude sair para um sistema mais brando e de acordo com o que determinar o psiquiatra, esse vai dizer seu posso ser reintegrado à sociedade, e em que condições, ou seja: minha vida, desde agosto, sofreu uma ruptura brusca, e eu vou ter que recomeçar de onde parei em agosto. De outra forma não sei como, ainda, mas só sei de uma coisa: de uma forma completamente diferente da vida que eu levei.

O que as crises não conseguiram, nem a pandemia, nem as más administrações das nossas empresas familiares conseguiram, dessa vez o objetivo de me exilar de minha terra foi bem sucedido: vou ser um autoexilado de minha terra, mas esquecê-la, nunca!!!

Voltarei ao assunto.

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